sexta-feira, 8 de maio de 2020

Date a Live Volume 14 - Capítulo 05

Capítulo 5 - Herói
Tradução: Muturn
Revisão: Fallen-kun

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Parte 01


— Ooh!

Tohka, cujo semblante deslumbrante foi espetacularmente aperfeiçoado pelo fenômeno das miragens dos fósforos, abriu bem seus olhos cintilantes enquanto observava o interior do saguão para assuntos especiais do castelo. Ela não era a única, as irmãs Yamai e Yoshino também visivelmente mostraram seu entusiasmo enquanto inspecionavam a corte semelhante a uma galeria maravilhadas.

Mas é claro que só podiam ter esse tipo de reação. Shidou e os outros Espíritos estavam atualmente localizados dentro do ricamente suntuoso saguão dentro do castelo: um lugar que só podia nos contos de fada.

O lustre de cristal que brilhava gloriosamente como diamantes raros perfeitamente complementava o tapete de vermelho vivo que impecavelmente não tinha defeitos. Mesmo os pilares de mármore e as elevadas escadas foram feitas com um toque requintado que faria as mansões de qualquer aristocrata passarem vergonha. Acima da grande mesa de carvalho, que poderia facilmente ser confundida com uma mesa comum por ser usada em cerimônias tradicionais, estavam luxuosos quitutes e comidas gourmet exóticas.

A maioria das pessoas reunidas ali eram de famílias nobres ou descendentes de renomados artesões e estudiosos. Todos ali usavam vestes de alta classe trocavam gracejos um com os outros.

Shidou e os outros se inspiraram profundamente na inspiração repentina de Kotori e finalmente invocaram o guarda do castelo. Apesar disso, o guarda ainda suspeitava deles. Eles eram um grupo de pessoas que vestiam farrapos e de repente reaparecem usando roupas elegantes. Isso realmente era estranho e só fez eles ficarem mais suspeitos, especialmente pelo fato do guarda ter memorizado seus rostos vagamente, mas foi só isso.

— Ah pessoal, eu sei como se sentem, mas não se afastem muito. Se forem para longe do alcance das chamas, sua verdadeira imagem vai ser revelada. Especialmente você, Tohka. Você vai se tornar o personagem mais conhecido do Japão em um instante. Sem contar que trazer uma katana para uma festa dessas não vai pegar nada bem.

Kotori informou eles enquanto erguia a tocha.

— Umu! Entendi!

Tohka respondeu com muita vitalidade.

Porém, segundos depois, perto de Tohka, as irmãs Yamai desafiadoramente saíram do alcance da luz das chamas.

— Uohh?!

— Predicamento. Que infortúnio.

Os lindos vestidos de Kaguya e Yuzuru instantaneamente voltaram a ser roupas velhas que usavam antes. As duas gritaram perplexas e rapidamente balançaram o corpo como ginastas treinadas, coordenadamente pulando para trás depois disso.

Apesar do fato de que poucos participantes tiveram sua atenção atraída pelos gritos das irmãs Yamai. João e Maria não foram vistos por ninguém devido à brevidade de seu ato. Observando a volatilidade dessa cena, Kotori suspirou de forma bem depreciativa.

— Sério, eu não acabei de falar para tomarem cuidado? Não seria fácil nos infiltrarmos nesse lugar.

— D-Desculpa...

— Desculpa. Serei cautelosa daqui em diante.

Desanimadas, as duas reverentemente abaixaram suas cabeças para expressar seu remorso. Kotori só pôde encolher seus ombros sem fazer mais nada.

— Muito bem... de qualquer forma, onde está a dita princesa sereia?

— Uu... Não consigo ver nada parecido com isso por aqui.

Bem quando Shidou afiadamente olhava ao redor do imenso salão, uma figura anônima pôde ser vista se aproximando dele por seu ponto cego.

— Boa noite, linda senhorita.

— Ah?

A inesperada saudação fez com que Shidou direcionasse sua visão para o dono da voz. Diante de seus olhos estava um confiante jovem vestindo uma roupa de gala.

— Me concederia uma dança?

O jovem sorria gentilmente e estendeu sua mão referencialmente. Vendo isso, Shidou olhou na direção de Kotori.

—Haha, ele está te convidando para dançar. Você está sendo bem desejada, Kotori. Onii-chan vai ficar com ciúmes.

Então, o jovem balançou sua cabeça em negativa e olhou diretamente para Shidou enquanto abria a boca.

— N-Não me referia à senhorita ali, mas sim a você.

— ...Ah?

Ao ouvir as palavras do jovem. Shidou ficou perplexo. Mas ele prontamente viu que sua aparência foi transformada na bela Shiori-chan por causa dos fósforos da Kotori. Porém, Shidou não tinha interesse algum em dançar com outro homem. Fora isso, se ele acidentalmente saísse do alcance da luz da chama acesa pelos fósforos, ele voltaria imediatamente à aparência original. Esse tipo de coisa não poderia acontecer nem mesmo com a Cinderela.

— ...Com ela não?

Shidou, suando frio, apontou para Kotori, enquanto o jovem encolheu os ombros como se dissesse "Está brincando?".

— Mas que donzela bem-humorada, mas aquela senhorita ali não pegaria muito bem. Viu aquele bolo delicioso em cima da mesa? Por que não vai pegar alguns pedaços?

O jovem ridicularizou Kotori, como se tivesse falando com uma criança. Em menos de um segundo, veias azuis saltaram em sua testa furiosamente.

— O-O que disse?!

— E-Ei, acalme-se, Kotori.

Sem querer causar um tumulto ali, Shidou se apressou para segurar os ombros de sua furiosa irmã. Naquele exato momento, uma mulher que parecia ser a mestra de cerimonias surgiu no grande palco situado no salão, verbosamente fazendo um discurso para todos os convidados presentes.

— Com a sua atenção, por favor. Em instantes, nós teremos o privilégio de testemunhar, pessoalmente, a rara "serenata encantada" da princesa sereia!

Ao ouvir suas palavras, todo o salão se animou de forma exuberante. Até mesmo o jovem que tinha convidado Shidou para uma dança estava com sua atenção totalmente voltada para o palco com ânimo.

— V-Vamos, Kotori. Esse é nosso objetivo, vamos procurar uma posição melhor.

— Hmph, tudo bem. Vamos pessoal.

Kotori não hesitou em descaradamente mostrar uma expressão ressentida enquanto acenava com a cabeça para todos se moverem com ela. Em seguida, as cortinas do palco foram abertas vagarosamente, pouco a pouco. Em instantes, todo o saguão foi preenchido por suspiro e gritos de animação.

— Uau...

— Uma sereia de verdade!

— Tão linda...

O cenário teatral foi feito para imitar a costa marinha. O palco estava decorado com água e uma praia, assim como algumas pedras jogadas ali e aqui. Em cima de uma das pedras estava uma garota adorável cujo exterior do corpo era o de um peixe da cintura para baixo. Ela tinha um cabelo úmido e usava roupas de banho feitas de conchas polidas; pele macia brilhante e um par de olhos mareados. Isso era autoexplicativo; ela era a completa epítome da Princesa Sereia dos contos de fada.

Porém.

— Kyaa..?! Onde estou?! Onde está o Querido!? Onde todos foram parar?!

Ela era um Espírito que também tinha sido engolido para aquele mundo junto com Shidou e os outros, Miku.

Miku aleatoriamente balançou sua calda enquanto gritava cacofonicamente. Sua beleza era incomparável, de várias formas.

— Acalme-se, você tem público.

— Mesmo que diga isso...

Miku enrugou as sobrancelhas de indignação e disse isso envergonhada. A mestre de cerimonias então continuou a sussurrar no ouvido de Miku.

— Agora resistir será inútil, você foi comprada pelo nosso generoso Rei. Você deve servir ao rei cantando uma música. Eu ouvi que sereias tem uma voz maravilhosa, então deixe que nossos convidados que vieram de terras distantes se deleitem com sua magnifica cantoria.

— Eu me recuso! Mesmo que minha voz seja a melhor, eu não posso aceitar a servir uma produtora ou Rei que eu não conheço! Eu não canto para quem não tem nada a ver comigo!

Miku gritou enquanto arbitrariamente virou sua cabeça para o lado.

A recusa desafiadora de Miku fez um alvoroço no público do saguão. A mestre de cerimonias, que achou que não deveria permitir tal atitude rebelde em frente ao público, encarou incisivamente e furiosamente para Miku.

— Você é propriedade do castelo agora, se você não for obediente, o Rei não vai gostar nadinha disso.

— Hmph! Eu não ligo!

— Bem, não posso fazer nada quanto à isso. Uma sereia que não canta não serve para nada. Pode ser que vire a sopa de amanhã.

— Waah! A Miku gosta de cantar!

Com medo de virar sopa de peixe. Miku deu um sorriso forçado. Ao olhar tudo isso, Shidou deu um sorriso forçado de canto.

— Capturada de novo, hein... Miku.

—Un. Parece que ela está bem presa no papel de Princesa Sereia... É assim que a história acontecia?

Kotori estava completamente confusa com o andar dos eventos, respondendo ao Shidou enquanto inclinava a cabeça para um dos lados.

Nesse caso, eles não vão deixar Miku virar sopa daquele jeito, ela já estava cantando de forma cabisbaixa, então Shidou e os outros avançaram alguns passos para frente em direção do palco. Nesse momento, Miku finalmente percebeu a presença deles e abriu seus olhos, cheios de esperança.

— ...Querido! Pessoal! Tudo bem com vocês...?

— Sim, estamos bem. Nós ouvimos que havia uma princesa sereia nesse castelo então viemos ver do que se tratava...

— Ah...! Onde acharam vestidos tão bonitos?! E Darling virou a Shiori-san!? Ah! Ah! Eu quero ouvir todos os detalhes!!!! Vocês fizeram algum registro?!

Ela parecia um peixe que tinha acabado de ser devolvido para a água. Os olhos de Miku brilhavam enquanto ela batia sua calda na superfície da água sem parar. Embora sua vivacidade não fosse prejudicial, toda essa questão não havia sido resolvida ainda. Shidou abriu os braços para acalmar Miku.

— A-Acalme-se... De qualquer forma, como você acabou assim?

Shidou perguntou com suor escorrendo de sua testa.

— Eu já estava assim quando acordei no oceano. Quando eu estava procurando por todos, uma bruxa malvada se aproximou de mim e ofertou me transformar em humana em troca da minha voz.

— Oh, então foi isso que aconteceu.

Shidou acenou com a cabeça em concordância para o relato de Miku. De fato, a história que ela contou bate com o do conto de fadas Princesa Sereia . Impressionante, porém, a princesa sereia acabou se apaixonando à primeira vista por um belo príncipe na terra firme e procurou a bruxa para se tornar humana. Ao menos era isso o que acontecia no conto.

— Mas, se você ainda é uma sereia, isso quer dizer que...

— Isso mesmo. E não é que aquela malvada queria roubar minha voz? Quando eu neguei e tentei ir embora, ela ficou me atazanando! Então eu acertei ela com minha calda e nadei para longe.

Miku disse com um sorriso no rosto.

Shidou seguiu ela e riu com um longo *ahaha*. Mesmo que a bruxa não soubesse nada sobre Miku, fazer esse tipo de proposta era uma tolice tremenda. Miku era uma popular Idol e uma cantora talentosa; para ela, cantar era igual à viver. De forma alguma ela aceitaria uma troca dessas.

— Mas... quando eu tentei encontrar vocês neste estado, eu fui pega pela rede dos pescadores na praia...

Shidou entendeu sua situação e acenou com a cabeça. Verdade, sua aparência fazia com que fosse difícil para ela escapar em terra firme. Enquanto ele e Miku conversavam, a mestre de cerimonias encarou Shidou e os outros e começou a levantar uma objeção.

— ...Monsieur, algum problema com a sereia?

— Ah, é algo do tipo. Ela na verdade é nossa amiga, podem soltar ela? — Pediu Shidou sem rodeios.

— Amiga... a sereia? Acho difícil de acreditar. Mesmo que seja verdade, ela agora pertence ao Rei. Eu não posso aceitar seu pedido, por favor, desista.

A mulher respondeu em tom pomposo.

— C-Como pode ser tão ignorante? E a vontade própria da Miku?

— Não importa que tipo de criatura seja, ela não tem vontade própria se pertencer ao rei.

A sombria anfitriã os avisou de forma desoladora, fazendo com que os Espíritos atrás de Shidou ficassem ofendidos com suas palavras e a dirigissem olhares penetrantes.

Uu... não precisava ser tão rude.

— I-Isso mesmo...! Miku-san não é um objeto para ficar de amostra!

— Ah mas, uma frase como "Você é minha, não tem o direito de recusar" é algo comum em mangás Shoujo. Tocante né? Na minha opinião, isso depende de quem fala. Garoto, tente dizer isso.

— Não faça as coisas ficarem ainda mais complicadas, cala a boca Nia.

Natsumi disse desanimadamente, fazendo Nia dar risinhos.

— .....

A anfitriã enrugou as sobrancelhas de irritação pelas repostas delas e bateu as palmas das mãos algumas vezes.

— Guardas! Essas senhoritas devem se retirar agora. Por favor, as acompanhem até a saída prudentemente.

Imediatamente, um grande número de guardas atendeu ao seu chamado e cercaram o grupo, fazendo um tumulto ressoar pelo saguão.

— Ei.....!

— O quê? Ousam perturbar a paz?

— Desafio. Seremos forçadas a usar a força.

As irmãs Yamai franziram o cenho de forma impiedosa. As duas adotaram posição de combate, se inclinando para frente como se estivessem preparadas para matar a qualquer instante. Os guardas ficaram ainda mais alertas e assumiram uma formação de círculo.

— Haha, vocês têm colhões. Muito bem, aqueles que avançam sem medo para a Morte, venham! Mesmo sem nossos anjos, não perderemos para escórias como vocês!

— Pedido. Permitam que Yuzuru e Kaguya comecem a abrir um caminho sangrento. Enquanto isso, o restante cuida da Miku.

Shidou estava com um olhar amargurado. Ele era contra o uso de violência, mas no estado em que as coisas estavam, isso já era irreversível.

— Uh... Acho que não temos escolha. Pessoal!

— Ooh!

— Muito bem!

Os Espíritos coletivamente fizeram seus gritos de guerra. Tohka desembainhou sua lâmina e Nia habilidosamente recarregou suas pistolas duplas. Porém, por causa dos fósforos mágicos de Kotori, essas armas mortíferas tomaram a aparência de inofensivos buquês de flores. Ainda assim, ambos os lados entraram em formação de batalha e a cena transbordava tensão. Se nada impedisse, uma batalha iria sem dúvidas ocorrer.

Foi então que alguém disse:

— ... Qual o motivo para essa desordem?

Uma voz altiva reverberou pelo ambiente hostil vindo do topo das escadas espirais que levavam até à ala superior.

— .....!

Quando essa voz chegou aos ouvidos da mestra de cerimonias, ela arregalou os olhos assustados de maneira perturbada. Naquele momento, a atenção de todos se voltou para a origem daquela enunciação.

— E-Ei...

— Aquele não é o...

— Não pode ser... que sorte ter a oportunidade de vê-lo com meus próprios olhos...!

Todos os participantes da festa falaram de forma agitada e surpresa enquanto a anfitriã só pôde abaixar a cabeça em profunda veneração, como se ela tivesse sido sufocada por uma fala intoxicante.

— Perdoe minha impertinência, Sua Majestade. Alguns plebeus grosseiros estavam tentando surrupiar sua sereia, que é totalmente sua. Eu farei de tudo para bani-los daqui, com urgência.

— Sua Majestade?!

Shidou abruptamente ergueu a cabeça chocado com as palavras da mulher, ainda mais por causa de sua atitude desesperada. Isso era esperado. O Rei era o mestre do castelo. Isso significava que todos os guardas dali obedeciam ao Rei, e que o Rei era o dono da Miku. Se eles pudessem convencer o Rei, eles talvez pudessem resolver tudo sem precisar lutar.

— S-Sobre isso! Nós somos... amigos da sereia! Então... hã?

Shidou estava tentando argumentar com toda sinceridade, mas interrompeu suas palavras no meio do caminho. O motivo era simples. O Rei parecia extremamente familiar para ele.

— O-Origami?!

Shidou não pôde deixar de falar bem alto. Pois diante de seus olhos estava Origami, que estava vestindo um manto vermelho luxuoso e uma coroa cheia de joias.

— ...Shidou.

Origami declarou tranquilamente enquanto observava as condições do saguão. Ela notou com olhos afiados as circunstâncias e deixou seu casaco flutuar com a brisa do vento.

No momento seguinte, Shidou e todos os Espíritos arregalaram seus olhos e encolheram os ombros, exceto Miku que soltou um *ahh*. Mas não poderia ser de outra forma. Afinal, sob o manto vermelho, Origami não usava roupa alguma. Mesmo assim ela não mostrava vergonha alguma em seu rosto e desceu as escadas sem pressa alguma com uma expressão complacente em seu rosto.

— É-É como os rumores diziam...?

— S-Sim... que vestido fantástico!

— E-Exato! Simplesmente magnífico!

Um alvoroço foi criado mais uma vez no salão, mas os diálogos pareciam ser forçados em comparação aos de antes, quase como se fossem sarcásticos. Origami não deu importância para as exclamações satíricas e meramente foi até a plataforma elevada. Ela exageradamente balançou seu manto como se fosse emitir um manifesto.

— Eles são meus convidados. Nenhum dano a eles é permitido. Voltem aos seus respectivos postos.

— M-Mas...

— Terei que repetir?

Origami mudou o semblante quando encarou fixamente para os olhos da anfitriã, fazendo com que o corpo da mulher tremesse de medo.

— Uh...! M-Minhas sinceras desculpas!

A anfitriã se curvou exageradamente e saiu do lugar junto com os guardas. Depois de ver eles partirem, origami mudou sua visão para Shidou e os outros.

— Shidou, pessoal, bom ver que estão bem.

— S-Sim... você... também está bem?

Shidou não sabia para onde olhar então ficou mudando o foco de sua visão. Origami ingenuamente inclinou sua cabeça, sem saber do que Shidou ambiguamente estava falando.

— Eu não entendi o que quis dizer com isso.

— Ah... você por acaso não foi... assaltada ou coisa do tipo, né?

Enquanto Shidou tentava medir suas palavras com calma. Tohka se exaltou e apontou diretamente para Origami.

— O-Origami! O que aconteceu com suas roupas?! Você não está vestindo nada!



No momento seguinte, uma chuva de protestos surgiu dentro do salão.

— Essa garota... como ousa dizer algo tão audacioso?!

— Falando da roupa do Rei desse jeito... com certeza será executada!

Declarações assustadoras como essas puderam ser ouvidas nos quatro cantos do saguão. Que tipo de tirana era a Origami para infligir tão terrível veneração e revência no coração de seus súditos? Porém, essa reação era previsível se conhecermos o conto ao qual origami estava ligado e, devido a isso, ela não poderia ser responsabilizada por isso. No entanto, Origami não pareceu se incomodar com a fala imprudente de Tohka, pelo contrário, Origami apenas balançou sua cabeça como se simpatizasse com a pobre Tohka.

— Eu comprei essas roupas de um tecelão viajante. Minhas roupas são invisíveis àqueles que não amam o Shidou. Se não consegue vê-las, significa que você, Tohka, não...

— O quê?! E-Espera aí!

Tohka objetou apressadamente enquanto fixava sua visão no corpo de Origami.

— U-Unn... mas que... linda roupa colorida!

— Não precisa fingir, Tohka.

Kotori a consolou enquanto dava palmadinhas nos ombros dela.

— Origami, você foi enganada. Não importa como você veja a situação, está na cara que essa é "A Roupa Nova do Imperador".

— ......

Origami permaneceu imóvel por alguns segundos, e então fechou a parte da frente do manto logo em seguida. E em um canto a Miku estava gritando "Ahh, eu quero ver um pouco mais!"

A Nova Roupa do Imperador. O imperador foi enganado ao comprar uma "roupa que idiotas não podem ver" por um casal de tecelões, fazendo com que ele se tornasse uma piada no reino. Esse era um conto bem conhecido até mesmo no Japão. Porém...

— Eu ainda não tinha percebido.

Origami sussurrou com uma voz sem emoções.

— Mas vocês não acham que é um pouco compreensível cair nesse golpe?

— Eles me disseram que quem não entendesse o amor não poderia vê-lo, então eu o comprei na hora.

— É-É verdade...? Assustador como funciona a mente de uma wizard.

Kotori fez uma careta enquanto subconscientemente secava o suor que escorria por sua testa.

— Bem, agora que encontramos todos, está na hora de tentarmos descobrir uma forma de sair desse mundo. Mesmo que nossa percepção de tempo seja diferente do mundo externo, já faz um bom tempo que estamos aqui.

Kotori sequencialmente mudou seu olhar entre Miku e Origami enquanto ela continuava a explicar sobre as complicações daquele Mundo Adjacente para elas, de forma resumida é claro, e expos sua dúvida.

— Vocês duas foram transportadas para lugares diferentes, certo? Até esse ponto, vocês não encontraram nenhum personagem ou objeto que poderia nos levar para fora desse mundo?

Origami e Miku se encararam brevemente por um curto período de tempo, e balançaram suas cabeças em negativa logo em seguida.

— Nada em especial.

— Eu também não vi ninguém, além da bruxa e do pescador.

— Entendi...

Ela não esperava nada muito diferente disso, mas Kotori mesmo assim suspirou com pesar. No momento seguinte, Uma janela de esperança apareceu quando Origami continuou a falar.

— Atualmente eu sou a líder dessa nação, e posso fazer um anuncio a nível nacional. Eu posso ordenar que os cidadãos procurem por alguém que possa fazer isso.

— Boa ideia, poder em números, hein. Dessa forma vai ser mais eficiente do que sairmos a procura sozinhos. Vou deixar isso com você então.

— Entendido. Mas pelo o que devemos procurar exatamente?

Origami perguntou, e foi Nia que respondeu dessa vez.

— Uu.. Sim, esse mundo é bem aberto a interpretações para começar, então eu acho que relíquias e tesouros que concedem pedidos existem aqui. Como a lâmpada mágica do Aladim. Mesmo que tenham alguns personagens de mangá que manipulam a realidade, através de objetos é o jeito mais fácil.

— Muito bem. Eu irei imediatamente...

E no momento exato que Origami ia respondendo...

Uma ressonância ensurdecedora de vidros quebrando ecoou pelo saguão quando um lobo gigantesco vigorosamente se colidiu com as frágeis janelas do castelo, causando tumulto em toda a festa.

— H-Hyaaaa!

— Um monstro!

Confrontados com a inesperada intrusão de tal monstruosidade grotesca, todos os convidados gritaram de horror e caoticamente fugiram em todas as direções. O lobo brutalmente empurrou tudo que estava em seu caminho, vivo ou não, em um imparável ímpeto de destruição louca. Sem que ela desejasse, a tocha de Kotori caiu no chão encarpetado.

— Ah...!

O objeto não era nada mais do que um pedaço de madeira quebrado envolto com um pedaço de tecido, e já estava prestes a ser extinto. Felizmente, a chama não fez o carpete pegar fogo e se apagou, deixando somente uma pequena trilha negra e fumaça de chamuscado.

Em instantes o disfarce de Shidou e dos outros foi desfeito e eles voltaram a ter a aparência original. Do jeito que as coisas estavam, aquela era a última preocupação deles, já que um obstáculo bem maior apareceu diante deles do nada. Sem um pingo de remorso ou interesse nos convidados que fugiam, o lobo ferozmente avançou em direção à Shidou e os outros.

— Hoh, eu tenho que os recompensar pela gentileza de mais cedo. Como os porquinhos ousam me tratar como um cãozinho adestrado que faz tudo o que querem?!

O lobo uivou com rancorosa animosidade, o que fez Shidou franzir as sobrancelhas confuso, se perguntando o que fez o lobo ficar tão furioso.

— O lobo de antes.....!? Por que, você não tinha ficado bom ao comer o bolinho da Tohka?!

— Hah! Eu digeri aquela coisa muito tempo atrás e já expeli ela!

O lobo latiu enquanto batia em sua barriga.

— Os bolinhos usam esse tipo de sistema!?

Shidou não conseguiu se conter e disse isso em voz alta relutantemente. Foi então que os guardas do castelo finalmente apareceram e rapidamente miraram suas lanças afiadas para o lobo, uma a uma.

— Sua Majestade, por favor, retire-se!

— Deixe isso conosco!

Porém.

— Não fiquem se achando, fracotes!!

O lobo poderosamente moveu suas patas dianteiras, que eram do tamanho de uma árvore, e sem esforço fez todos os guardas que estavam ali saírem voando até se chocarem com os muros, levando a grande mesa e tudo que estava em cima dela junto.

— Uau... como esperado de uma adaptação. Tohka-chan, tente dar outro bolinho a ele!

Nia instruiu enquanto ela cautelosamente recarregava suas pistolas duplas. Tohka então inseriu sua mão na bolsa que carregava em sua cintura.

— Un, pronto. Lobo, coma isso!

Tohka atirou o bolinho com toda sua força em direção a boca do lobo. Mas, quando o bolinho estava prestes a entrar na boca dele, ele parou de repente no meio do ar como se o tempo tivesse parado.

— O quê...?

Tohka gritou ao se deparar com essa sombria situação de desvantagem.

Naquele espaço, uma figura sombria de uma velha senhora, que tinha um nariz pontudo e vestia um vestido negro, vagarosamente apareceu.

— Hihihi, lobo patético. A falta de cuidado será sua ruina.

A hedionda mulher ridicularizou o lobo enquanto ela esmagava e fazia o bolinho em pedacinhos, inexplicavelmente Shidou ficou com um frio na espinha.

Ao testemunhar o ocorrido, as irmãs Yamai seguraram a respiração com considerável trepidação.

— U-Uaahh! É aquela bruxa velha!

— Choque. Ela é a velha que vive na casa feita de doces.

A bruxa diabolicamente riu sinistramente, o que a deixou ainda mais assustadora. A víbora chamada Medo se arrastou pelas pernas das gêmeas, restringindo seu poder restante com grande intensidade, e gradualmente subindo até seus abdomens até chegarem a suas pálidas faces.

— Hihihihi... em carne e osso, abomináveis João e Maria. Suas almas insolentes devem cauterizar nos fogos do inferno por terem roubado de minha residência! Que pena, eu teria graciosamente perdoado seus corpos finos e engordado vocês até ficarem no ponto, mas não posso me dar o luxo de rejeitar vocês do jeito que estão agora!

— Ahahaha! Sadia e saudável como sempre, hein, velha humana? Não coloque as mãos nas minhas presas, o porquinho e a chapeuzinho vermelho!

O lobo rugiu com avareza, quase como se risse de desdém. A expressão do rosto de Kotori inevitavelmente ficou severa.

— Kuh... o lobo sozinho é mais do que o suficiente, deixe-nos em paz, bruxa!

— Hã? Parece que você não entendeu uma coisa.

— O que disse...?

Kotori inclinou as sobrancelhas não acreditando no que tinha acabado de ouvir enquanto o lobo riu altivamente até os cantos de sua boca se aproximarem das suas orelhas.

— ... E quem disse que somos só nós?

Quando o lobo terminou sua intimidação, um imenso volume de água oceânica surgiu das janelas que foram anteriormente quebradas.

— O qu...!? Isso é...!

Aquela salmoura pareceu ter escurecido todo o salão de alguma forma, e inesperadamente se aglomerou de forma irregular até tomar a forma de uma velha sereia. Ao ver a cena fantasmagórica, Miku imediatamente apontou seu dedo para a aparição.

— Ahh! Você! A bruxa que tentou roubar minha voz!

— ...Hahaha, correto. Eu vim retribuir o golpe que deu em meu rosto! Agora não somente roubarei sua voz, mas também cortarei sua língua!

A bruxa do mar disse com desprezo. Parecia que todos os vilões que tinham algum tipo de rancor contra Shidou ou os outros tinham juntado forças para obter suas vinganças.

Em seguida, tremores provenientes de passos gigantescos reverberaram, fazendo parecer que vários terremotos estavam acontecendo ao mesmo tempo. Um bruto ogro que vestia somente uma tanga de pele de tigre e que poderosamente carregava um tacape de ferro quebrou o muro do castelo, fazendo o entulho se espalhar por todo salão.

— Uah... poderia esse ser um Oni da ilha dos demônios?!

Tohka disse com os ombros tremendo enquanto o ogro descobriu cruelmente seus dentes em forma de presas.

— Mas é claaaro! Eu esperei e esperei e esperei... porrr você, VADIA, mas você nuuunca apareceu, então eu viiim até vocêêê!!

— Você claramente não tinha nada a ver com a gente, veio porque quis!!

Shidou não pôde deixar de expressar verbalmente seu descontentamento em relação a atitude estúpida do ogro. As bruxas da floresta e do mar tiveram seus motivos para quererem se vingar de Shidou e dos outros, mas ao que parece, aquele ogro idiota nunca tinha sequer se encontrado com Tohka antes.

Mas a loucura não para ai. Enquanto os parceiros malvados do lobo entravam no salão um atrás do outro, os portões do castelo que agora estavam desprotegidos se abriram, revelando três mulheres vestindo luxuosos vestidos de festa, mas com corações podres por dentro.

— Ohohoho! Cinderela! Você acha que uma garota como você podia vir para uma festa dessas?

— A madrasta da Cinderela e suas meias-irmãs...?! Ah, mesmo que vocês não tenham chances alguma contra nós, por que vieram aqui juntos com a bruxa e o ogro?!

Um jovenzinho então entrou naturalmente no salão, sem motivo aparente.

— O rei está pelado... por eu ter dito isso, meus pais foram jogados na prisão. Mas eu vou continuar dizendo a verdade, o rei está pelado!

— Tinha uma coisa tão séria assim nesse conto?!

No instante seguinte, uma grande bola de fogo se manifestou no céu, e dentro da chama emergiu uma alma penada cujos olhos negros não refletiam luz alguma.

— O netinha... acenda todos os fósforos e se reúna comigo...

— A avó da menina dos Fósforos se tornou um espírito maligno?!

Shidou exclamou de forma histérica.

Uma colônia de inúmeros morcegos entrou no saguão pelas janelas, se reunindo em uma forma humanoide. A superfície do chão úmido então revelou um corpo cadavérico de um zumbi, além disso, uma monstruosidade indescritível que levava seus observadores a loucura só de olhar se manifestou das sombras.

— I-Isso é...

— Ah, eles estão relacionados a mim. O vampiro do Capítulo 1: Nosferatu, o zumbi do Capítulo 2: Lorde Morto-vivo, e a desconhecida entidade do Capítulo 3: Divindade Ancestral - O massacre atípico de Silver Bullet. A popular série de ação e fantasia <> é atualmente lançada semanalmente na Weekly Shonen Blast!

— Os mangás Shonen de hoje em dia tem violência demais!!

Ao se deparar com a propaganda descarada de Nia, Shidou gritou com toda a força de seus pulmões. Dentro do vasto salão de festas, estavam reunidas as criaturas malignas e vilões de todos os contos representados. Além disso, eles já tinham cercado Shidou e os outros, impedindo que eles fujam e estavam vagarosamente encurtando a distância passo a passo.

— Uh....!

A pressão esmagadora foi exercida sobre eles e era incomparavelmente maior do que a dos guardas de antes. Mas era o esperado. Bem ali, tirando algumas exceções, aqueles que cercavam Shidou e o grupo eram feras, bruxas e outras monstruosidades. Para piorar, eles não podiam usar as habilidades de seus anjos, seja para atacar quanto para se defender. Todos eles estavam sentindo na pele a situação de vida e morte em que estavam, fazendo seus corações acelerarem e os nervos ficarem a flor da pele.

— Não vamos perder para tipos como vocês!

Enquanto todos estavam tensos de ansiedade devido as circunstâncias desfavoráveis, Tohka soltou um alto grito de guerra e de repente saltou no ar, atacando um inimigo com sua katana afiada já desembainhada.

— Haaaaa!

Porém, antes de sua lâmina atingir o ogro, as bruxas à sua esquerda e direita conjuraram um feitiço ofensivo e lançaram projéteis mágicos. Sua magia atingiu o corpo frágil de Tohka, soltando pequenas explosões no processo.

— Ack!?

Tohka gemeu enquanto sofria ataques pesados de ambos os lados. Aproveitando a oportunidade, o repulsivo ogro exageradamente balançou seu tacape de ferro e desferiu o golpe em direção da cabeça de Tohka com grande força.

— Hahahaha! Que ingêêênua, Momotarou!

— Uhh...!

Tohka subconscientemente fez com que seus frágeis braços de alguma forma a protegessem do golpe, mas, estando no meio do ar, tal movimento era infrutífero e ela foi jogada ao chão selvagemente.

— Tohka!!

Shidou gritou o nome dela com toda a força e correu para protege-la, ou ao menos ele tentou. Porém.

— Abaixar a guarda é perigoso, porquinho.

Quando Shidou inadvertidamente ouviu a fria voz do lobo vindo de cima, seu abdomem experimentou um intenso impacto sem aviso.

— Uaah!?

Ele imediatamente entendeu o motivo: seu corpo foi levantado pelo colossal braço do lobo. O corpo de Shidou voou pelo espaçoso salão e violentamente colidiu com o duro muro e miseravelmente caiu no chão em seguida.

— Ai...ai...

— Shidou!

— S-Shidou-san!

Todos os Espíritos gritaram com preocupação com vozes estridentes de preocupação e tentaram se aproximar dele com convicção, somente para serem barradas pelo lobo e outros inimigos que bloquearam o caminho.

— Que pena, vocês não vão a lugar algum.

— Huh...!

— Y-Yoshino...

— Vai ficar tudo bem, Natsumi-san...

Os Espíritos, alguns sem resignação, outros com inquietação, foram cada vez mais se aproximando. Os vilões que formavam uma linha de bloqueio sentiram o cheiro de medo nelas e riam com gosto, se aproximando a cada segundo.

— Preparem-se para serem devoradas!

— Hihihihihi... relaxem; eu vou come-las dos pés à cabeça!

— Kehehe, como será que é ter a língua de uma sereia?

— H-Hyaa...!

Miku gritou enquanto cobria sua boca com força.

Porém, Miku não era a única tremendo de medo. Apesar das diferentes reações, todas estavam suando desesperadamente enquanto esperavam os monstros se aproximarem para terem o seu fim.

— Kuh... malditos!

Shidou sussurrou usando suas forças restantes enquanto apoia seu corpo forçadamente.

— Não se atrevam... a colocar suas mãos nelas!

Porém, o corpo emaciado de Shidou, por ter sido jogado contra o muro com tanta força, estava incapaz de agir conforme sua força de vontade não importando o quanto ele se esforçava, e suas bambas pernas logo cederam de fadiga, fazendo com que seu corpo caísse no chão molhado.

— Uah...!

Apesar de sua expressão retorcida, Shidou decididamente rangeu os dentes e aguentou a excruciante agonia. Ele se rastejou no chão com a força de suas mãos, vagarosamente se aproximando dos Espíritos, mas era tarde demais. Os vilões nefastos já tinham o derrotado.

— Ahahahaha! Vou começar por você!

— Kya....!

— Y-Yoshino! N-Não toca nela seu cachorro nojento!

O lobo habilmente controlou sua pata e pegou Yoshino com as pontas dos dedos, tirando a do chão. Mesmo que Natsumi estivesse agarrada a sua cintura, o lobo simplesmente a ignorou e levantou Yoshino até a acima de sua boca.

— Un un, você parece deliciosa, chapeuzinho vermelho!

— Uu...

— Ahh! Comer a Yoshinon vai te dar dor de barriga!

— Kuh.....!

Do jeito que as coisas estavam, era tarde demais para fazer algo. O coração de Shidou pulsava desesperadamente. Mesmo se ele pudesse de alguma forma chegar até eles, o número de coisas que ele poderia fazer era extremamente limitado. Era inútil, ele só seria mandado para longe pelo lobo, que acabaria comendo a Yoshino nesse processo.

No momento em que ele pensava nisso.

De repente, as palavras que Mukuro disse a ele pelo comunicador surgiram em sua mente.

— Se tu me selasses, poderias tu garantir minha proteção? Selar os poderes dos Espíritos os protege de outra incursão maligna?

— .....

Shidou fracamente estendeu sua mão para alcançar Tohka e as outras, sem parar sequer um momento.

— Eu...

Os Espíritos que tiveram seus poderes propositalmente selados por Shidou estavam sendo atacados por vários monstros cruéis. Só havia uma causa para isso, um único motivo, isso era o que estava fluindo nos pensamentos de Shidou, que questionava as ações que tem tomado. Se ele não tivesse selado seus poderes espirituais, talvez elas tivessem alguma chance contra o de Westcott. Não, não era somente nessa situação. Como Mukuro havia dito, Tohka e os outros Espíritos foram colocadas, uma atrás da outra, em diversas situações perigosas até então. Shidou selou seus poderes para salva-las, mas acabou que pelo mesmo motivo ele também as fez correrem ainda mais riscos. Ele sentia como se seu coração tivesse sido feito em pedaços. Ele tem feito a coisa certa durante todo esse tempo? Ou salvar os Espíritos era somente um ato de egoísmo da parte dele como Mukuro havia dito?

— ...Ei, não é uma coisa comum você ficar se preocupando desse jeito.

Naquela hora, uma voz nostálgica que parecia saber exatamente o que Shidou pensava ressoou do nada.

— Hm...?

— Hã....?

As falas confusas e perplexas de Shidou e do lobo se sobressaíram.

— O que está acontecendo? Essa voz agora pouco...

O lobo, com uma pata segurando Yoshino no meio do ar, olhou ao seu redor com perturbação, a procura da origem da voz. Porém, quando sua linha de visão se moveu para longe da Yoshino...

— ... O quê...!?

Uma linha atravessou o braço do lobo, obliquamente dividindo o membro em duas seções adjacentes.

— I-Isso é impossível!

— Yaa...!

Acompanhando os gritos de dor do lobo. O corpo pequeno de Yoshino foi caindo em direção do chão, junto com o membro partido do animal.

Então, antes dela tocar o chão.

— Tudo bem com você, Yoshino?

Diante dela apareceu um garoto familiar que gentilmente pegou seu corpo.

— Hã? É-É...

Yoshino estava totalmente confusa e inclinou sua cabeça ao vislumbrar a aparência do garoto. Não, Yoshino não era a única.

— Quê...?

— C-Como pode?

Os outros Espíritos, assim como o próprio Shidou, tiveram suas atenções chamadas exclusivamente para o familiar garoto que apareceu e arregalaram seus olhos. Afinal, o garoto que habilmente empunhava uma longa espada larga que sem dúvidas era a de Tohka.

— Muito bem, vilões. Permitam que eu, o guardião dos Espíritos, Itsuka Shidou, lide com vocês!

Os atributos faciais da pessoa que destemidamente disse isso sem dúvidas algumas eram exatamente iguais ao do Shidou.

— Q-Quem diabos é você?! Aparecendo de repente e dizendo uma estupidez dessas...

O lobo questionou enquanto olhava para seu membro arrancado com lágrimas nos olhos e furiosamente encarou Shidou.

Porém, Shidou não deixou o lobo fazer mais nenhum movimento e ergueu em uma pose parecida com a de um executor. No momento seguinte, o corpo inteiro do enorme lobo foi instantaneamente cortado ao meio com um único corte seco da espada.

— Gah... Gaaaaaaah!

Soltando um grito ensurdecedor, o corpo machucado do lobo se transformou misticamente em páginas rasgadas de livro, pairando com o vento até cair no chão. Testemunhando a morte que ocorreu diante deles, os vilões restantes prenderam a respiração percebendo que o jogo virou contra eles.

— O qu...! O lobo foi...?!

— Você... que vento trouxe um guerreiro tão divinal para essas terras?!

As duas bruxas malignas disseram em prantos e absoluto medo. Shidou curvou seus lábios em um genuíno sorriso.

— Eu sou só um estudante comum que estava passando por aqui.

Shidou respondeu com determinação enquanto pisava no chão molhado e avançou contra os inimigos com em suas mãos.

Ele defletiu as magias amaldiçoadas das horrendas bruxas, friamente cortou o tacape de ferro sem qualquer resistência e fez um enorme buraco no corpo deformado do ogro. O miserável ogro soltou um grito estremecedor parecido com o do lobo e se transformou em páginas rasgadas de livro. Porém, a força imparável de Shidou não cessou aí. Ele fluidamente canalizou sua força física em suas mãos e pés, diretamente manipulando com graça enquanto ele traçava combate com o que sobrou dos patéticos vilões.

Shidou inexpressivamente testemunha a cena surreal.

— O-O que está acontecendo...?

— Shidou!

Tohka e os outros Espíritos rapidamente correram ao seu auxilio depois que seu caminho foi liberado.

— Tudo bem com você, Shidou? Está machucado?!

N-Não, estou bem. Mais importante, quem é ele...?

Shidou mais uma vez olhou perplexamente para Shidou, que estava afugentando os vilões restantes. Kotori então similarmente franziu o cenho incrédula.

— Ele com certeza é você... Diga, você sabe usar o jutsu dos clones de sombra, Shidou?

— Não, eu não me lembro nem de gostar de ninjas...

Shidou deu risinhos e Nia soltou um *ah*, como se tivesse se lembrado de algo importante e colocou a mão no queixo.

— Seria o Garoto número 2 um personagem desse mundo?

— Como....?

Shidou também pegou em seu queixo espantado. Suas palavras faziam sentido. Mesmo assim, algumas coisas ainda eram conflitantes. Eles estavam presos no mundo ilusório que foi criado a partir de vários contos de fada. Se Shidou não era um personagem de um conto, então ele não poderia ser...

— Aahhh!

Naquele momento, enquanto a mente de Shidou encaixava as peças que faltavam no quebra-cabeças, Natsumi de repente gritou em voz alta que não combinava com sua pequena estatura.

— O-O que foi, Natsumi?

— E-Eu sei quem ele é...! Eu sei, esse cara...!

Natsumi apontou para Shidou, que estava tendo uma magnifica batalha contra os vilões, com o dedo trêmulo.

— Você sabe quem ele é, Natsumi?! Sério?

— S-Sim... na verdade, todos nós sabemos! Esse cara é aquele Shidou... o personagem do mangá que criamos mês passado!

— !!!

Shidou e os outros Espíritos firmemente seguraram suas respirações totalmente chocados com suas palavras. Realmente era verdade, havia uma estória onde Shidou era o protagonista. Shidou e os outros desenvolveram uma estória juntos e desenharam um mangá onde Shidou era o personagem principal para fazer Nia se apaixonar por ele, já que ela não podia se apaixonar por ninguém que não fosse 2D.

— M-Mas... sermos salvos justamente por esse herói... não é coincidência demais?!

Shidou protestou, em resposta Nia balançou a cabeça.

— Eu já disse antes, garoto. Obras de literatura não tem limites em relação a histórias fechadas e podem acabar aparecendo nesse mundo. Além disso, os autores desse mangá estão todos reunidos aqui. Não acha que as chances de ele aparecer são bem altas?

Vestida como seu próprio personagem original, Nia continuou animadamente.

— E aquele Garoto número 2, seja ele o verdadeiro Itsuka Shidou ou não, ele com certeza é o Itsuka Shidou como vocês o veem, que salva os Espíritos e que devia fazer eu me apaixonar por ele!

— O-O que isso implica?

— Pedido. Por favor, elabore.

As irmãs Yamai inclinaram de leve suas cabeças para expressar sua incompreensão às incessantes torrentes de palavras de Nia. Então, Nia resumiu com um ár renovado.

— Em outras palavras! Ele é o super-gato, super-forte, Garoto ideal que vive no coração de todas!

Quando Nia terminou sua fala excêntrica, Shidou brandiu elegantemente depois de aniquilar o último inimigo.

— Hu...

Ele então rapidamente ajeitou seu cabelo e se aproximou vagarosamente de Shidou.

— Oi, tudo bem com você, eu?

— S-Sim...

Se sentindo completamente desacostumado por nunca ter chamado outra pessoa dessa forma, Shidou fez um esforço para responde-lo.

— Muito obrigado por me salvar... eu.

— Haha, nós estamos parecendo a Kurumi.

Shidou respondeu enquanto ria alegremente.

Shidou não pôde deixar de rir também, enquanto enfrentava a sensação intrigante de ver alguém que é sua imagem refletida no espelho.

— Mas... vocês estavam em sérios apuros. Para nós estarmos aqui, presumo que Westcott tem a ver com isso, correto?

Shidou perguntou de forma afiada.

Sem estar muito afetada por estar diante de dois Shidous, Kotori imediatamente acenou em confirmação.

— Un, vou ser direta já que você está a par da situação. Você sabe como podemos voltar ao nosso mundo? Precisamos voltar rápido.

Shidou acenou, sem se perturbar.

— Ah, deixa isso comigo.

— Hã?!

Kotori disse surpresa. Isso era inevitável, pois Shidou tinha dito de forma calma como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— V-Você pode nos ajudar?

Kotori perguntou, e Shidou então mostrou e respondeu.

— Un. Esse mundo foi criado com o poder de um anjo, e pode da mesma forma ser destruído. Mesmo que eu seja uma existência fictícia, nos termos desse mundo, o anjo que eu uso é bem real.

Porém, Shidou continuou:

— Eu só posso abrir uma saída para esse mundo. Quando todos voltarem para o outro mundo, Westcott deve estar esperando vocês.

— O que...!

Kotori arregalou os olhos, incapaz de aceitar o fato de que ela não pensou nessa possibilidade antes.

— O que quer que nós façamos? Precisamos nos apressar e chegar até a Mukuro e...

E quando a expressão séria de Kotori começou a ficar pálida.

— Eu sabia que algo assim iria acontecer!!

Nia disse em voz alta, como se quisesse interromper as palavras de Kotori.

— O-O que foi isso, Nia?! Você não precisava falar tão alto...

— Ehehe, eu sempre quis dizer isso. O que achou? Fiquei parecendo uma mulher confiável?

— Tá de brincadeira...?

Kotori disse revirando os olhos, Nia coçou a cabeça timidamente, como se quisesse dizer "Ahh, desculpa."

— Eu já fiz os preparativos, então, Garoto número 2, não precisa se preocupar. Você pode abrir a saída imediatamente?

— Ei, o que está dizendo, Nia? Mesmo se voltarmos ao mundo original, todos nossos esforços não vão ser em vão se aparecermos bem diante do Westcott?

— Hehehe, não se preocupe.

Nia balançou o dedo como se fosse um metrônomo, e afastou para trás os cantos de sua boca.

— Veja, antes de eu ser engolida para cá, foi ativado nesse mundo. e são a mesma existência. É claro, ambos podem assumir a responsabilidade por fazer o elo entre os dois mundos.

— Isso significa...

— Sim, a não ser que aquele maldito tenha ficado o tempo todo no mesmo lugar, as chances de nos encontrarmos é bem baixa.

Nia piscou o olho, e os Espíritos gritaram de alegria em uníssono.

— Incrível, Nia!

— Haha, muito capaz, de fato.

— Elogio. Então você não é somente uma bêbada.

— Nyahaha, estou envergonhada, me elogiem um pouco mais.

Nia estufou o peito complacentemente. Shidou então levantou vigorosamente e mudou sua visão para Shidou e os outros.

— Muito bem, vou fazer isso agora, tá bom?

— Un, se puder.

Assim como Kotori solicitou, no momento seguinte Shidou firmemente acenou e fechou seus olhos para concentrar sua energia, poderosamente balançando para baixo como se tivesse dividindo algo no meio.

— Hah!

Em instantes, uma furiosa rajada de vento correu pela lâmina afiada divina de e uma fenda dimensional apareceu dentro do espaço cortado pela espada celestial.

— Vocês devem conseguir voltar por essa passagem.

Shidou sorriu calorosamente enquanto segurava fixamente no chão.

— Sobre essa Mukuro que mencionaram antes, ela é um novo Espírito, certo? Dê o seu melhor, eu; você definitivamente tem que salvá-la.

— .....

Ao ouvir as palavras sagazes de Shidou, que eram parecidas com as últimas palavras ditas por Woodman; Shidou sentiu seu coração disparar.

— ...O que está fazendo, Shidou? Vamos.

Kotori estava com uma expressão inconcebível quando olhou para a réplica de seu irmão, que esperava todos entrarem na fenda transcendental.

— Muito obrigada por nos salvar, e cuide-se, Shidou.

— Un, vou mandar lembranças suas para a sua contraparte desse mundo.

— Haha, acho que eles estão aqui também. De alguma forma isso parece um pouco complicado.

Kotori riu enquanto balançava a mão em despedida, e entrou no portal.

Em seguida, os demais Espíritos agradeceram Shidou e se despediram dele uma após a outra e entraram no portal. Depois que todas se foram, Shidou olhou para Shidou.

— É sua vez, eu. Vá, elas estão te esperando.

— S-Sim...

Shidou concordou amigavelmente com o comando de Shidou e avançou para a passagem. Porém, ele de repente parou seus passos mais uma vez, como se suas pernas estivessem presas no chão.

...Shidou.

Através da mente criativa de Shidou e dos outros Espíritos, o Shidou fictício era o Shidou ideal que salvava os Espíritos. Ao encarar esse Shidou pessoalmente, um pequeno desejo surgiu no coração de Shidou. Tem coisas em nossa mente que sempre vão estar ali, enquanto outras aparecem passageiramente, mas que demoram para ir embora. Ainda assim, tal coisa continuava à incomoda Shidou no fundo de seu coração como se estivesse enraizada.

— Ei... eu.

— Un? O que foi, eu?

— O que você disse está certo. Eu estou indo encontrar um novo Espírito, a Mukuro. Mas...

Shidou torceu levemente a sobrancelha enquanto ele gaguejava para narrar a história de Mukuro enquanto fazia rodeios. Ele contou como ele foi friamente rejeitado, como ele foi acusado de ignorar as opiniões dos Espíritos e como ele simplesmente não conseguiu refutá-la.

— .....

Shidou fez uma expressão séria enquanto atentamente escutava a confissão patética de Shidou e levemente soltou ar de seus pulmões.

— Entendi... outro Espírito difícil de convencer, hein?

— ...eu tenho uma crença. Quando todas estavam sendo perseguidos pelos vilões, eu pensei que se eu não tivesse selado elas, elas não estariam tão em apuros... Não, é claro, se eu não tivesse feito isso elas continuariam em perigo, mas...

Ele era incapaz de chegar a uma conclusão derradeira sobre esses pensamentos. Shidou forçosamente coçou sua cabeça e continuou.

— ...selar os poderes da Mukuro. Eu não tenho dúvidas que tenho que fazer isso. Se eu não fizer, a DEM vai ataca-la de novo. Mas.. eu não sei o que fazer... qual sua opinião? Você acha que eu tenho o direito de ir até a Mukuro sem ter como refutá-la? Será que o indeciso eu pode abrir o coração dela...?

O Shidou que tinha permanecido em silencio até então, começou a mover sua boca.

— Se fosse eu, eu tentaria de novo.

— Mas, Mukuro não quer ser perturbada...

— Mesmo que ela diga isso, isso não parece estranho se for parar para pensar? Dizer que ela trancou seu coração para não se sentir sozinha, não parece que ela estava se sentindo só quando usou seu anjo?

— ...Isso... sem dúvidas é verdade.

Se Mukuro era incapaz de sentir a depressão da solidão, a dor da tristeza e o desprazer da íra, então seria desnecessário trancafiar seu coração e emoções para começar. Não era necessário dizer isso para Shidou.

— O que ela tinha dito, não importa como ela o fez, era como um sinal de S.O.S. de si mesma. Portanto, você deve ir não importando o que mais ela diga. A propósito, você já não tem a chave para destrancar o coração dela?

— Quê....?

Ao ouvir as palavras de Shidou, Shidou inclinou a cabeça. Em um piscar de olhos, ele imediatamente entendeu o significado daquela frase.

— ...Poderia ser...

— Correto.

O outro Shidou acenou alegremente para a reação de descoberta de Shidou.

— Mais uma coisa, você vai ter que tratar isso como um assunto deparado.

Shidou disse isso empurrando seu punho contra o peito de Shidou.

— O que está pensando, eu? Isso não era tudo o que tinha a dizer sobre a Mukuro? Mesmo que seja bom pensar sobre o que ela disse, você não vai perceber seus verdadeiros sentimentos só com isso. Bem, eu, como você vai tratar a Mukuro?

— ....!

Ouvindo a dica útil de Shidou, Shidou repentinamente segurou sua respiração. Depois de alguns segundos de silencio. Shidou aspirou profundamente e exalou de novo.

— ...Un...Muito bem... Tá certo.

Shidou gradualmente disse isso, mesmo que bem devagar. A resposta para tal questão era na verdade muito fácil. Quando declarada, porém, sempre havia um sentimento de expelir toda a melancolia do fundo de seu coração. Shidou sorriu, como se tivesse percebido a decisão de Shidou.

— Dê o seu melhor, aluno do ensino médio.

— Você também, aluno do ensino médio.

Shidou e Shidou se despediram tocando seus punhos, e Shidou convenientemente mergulhou na fenda criada no espaço.

— ...uu.

Parte 2

A intermitente sensação de ter seus ombros chacoalhados fez com que Shidou recobrasse a consciência. Shidou vagarosamente resfolegou e abriu seus olhos, tendo a vaga visão da sua irmã adotiva enquanto ela estava esticando a palma de sua mão em sua direção.

— O que está fazendo, Kotori?

— Graças a Deus, você finalmente acordou. Mais um segundo e eu teria te acertado pela vigésima vez.

— Hã? Você já me acertou 19 vezes?! Tudo isso?!

Shidou gritou de raiva enquanto relutantemente colocava suas mãos em seu rosto, tentando sentir o calor que irradiava da pele vermelha escaldante.

— Brincadeirinha.

Kotori respondeu em tom de sarcasmo.

Quando Shidou tocou seu rosto sensivelmente para confirmar que não havia nenhuma dor, ele fez uma pequena inspeção em seus arredores e na situação atual. Ele não estava em nenhuma cabana de palha onde ele tinha acordado anteriormente, em vez disso ele estava em um dos corredores da base secreta da Ratatoskr, onde os muros grossos de cimento e tetos de cimento reforçado com aço tinham sido demolidos sem exceção, se tornando nada mais do que pilhas de entulho.

Os outros Espíritos estavam reunidos todos em um mesmo lugar e Tohka colocou suas mãos nos ombros do Shidou, gentilmente o balançando. Todas elas não vestiam mais aquelas exuberantes roupas de antes. Suas vestes voltaram a ser as mesmas roupas que vestiam originalmente.

— Sério... eu não falei que estamos ficando sem tempo, parem de enrolar.

Kotori rigidamente cruzou os braços na altura dos peitos e soltou o ar de seus pulmões apressadamente.

— Oh... Me desculpe. Mas...

Shidou desajeitadamente se levantou usando todas as forças que tinha em sua perna e levemente deu tapinhas em seu rosto algumas vezes para clarear seus pensamentos.

— Tudo está bem agora.

— ...? Entendi, bem, é muito bom ver que está cheio de energia.

Kotori deslizou sua cabeça para um lado com um tom de suspeita, mas imediatamente julgou que não era hora para coisas desnecessárias e conclusivamente moveu seu queixo para incitar os outros.

— De qualquer forma, nós temos que nos apressar. Mesmo que tenhamos perdido menos tempo do que esperávamos, um ataque surpresa cairá sobre a Fraxinus a qualquer momento.

— Un!

— Entendido.

Os Espíritos gritaram em concordância e seguiram Kotori, correndo pelo longo corredor com determinação. Shidou não estava muito atrás, avançando pela empoeirada e suja base destruída enquanto os ecos de explosões e disparos de armas ainda podiam ser ouvidos. Depois de aleatoriamente encontrar e subsequentemente dizimar uma dupla de unidades , Shidou e os outros alcançaram à entrada do hangar onde estava localizada a Fraxinus.

Talvez por terem sido pegos pela câmera de vigilância, que reconheceu suas respectivas identidades, ou pela situação atual, mas Shidou e os outros foram permitidos a entrar no grande hangar enquanto a voz de Kannazuki foi ouvida pelo alto-falante.

— ...! Comandante! Você está a salvo!

— Un, desculpa por faze-los esperar.

Kotori levemente ergueu a cabeça em resposta e continuou a andar em direção ao convés mais baixo da nave. Shidou e os outros Espíritos se enfileiraram atrás dela, e foram instantaneamente transportados para a ponte de comando.

— Qual a situação?

Assim que ela entrou na ponte de comando, Kotori rapidamente avançou para frente enquanto desfazia o abotoamento de seu uniforme militar, o pendurando em seus ombros. Ela rapidamente estendeu sua mão direita para um lado, onde Kannazuki, que estava obedientemente esperando suas ordens, respeitosamente a saudou e entregou a elas um dos muitos pirulitos idênticos que estavam organizados em uma prateleira.

Kotori gratamente o aceitou, retirando a embalagem do doce com voracidade e o colocando na boca enquanto simultaneamente se sentava no assento do capitão. Shidou ficou impressionado com a leve, praticamente graciosa, sequência de movimentos de sua irmã.

— Comandante. Nesse momento, uma das naves de guerra Arbatel está pairando sobre base. Aproximadamente 120 wizards se infiltraram na base. 21 casualidades confirmadas foram informadas, incluindo o pessoal técnico, e 185 pessoas se refugiaram.

— ... Entendi.

Enquanto Kotori suspirava tristemente, os caracteres MARIA foram mostrados no monitor principal.

『Não temos tempo para ficar cabisbaixos, Kotori. Você deve cumprir seus deveres agora.』

— Un, eu sei disso.

Kotori calmamente respirou fundo para esquecer suas preocupações e ergueu sua cabeça com determinação.

— Nós vamos terminar o que nos propomos fazer. Preparem a Fraxinus Ex para decolar. Eu acredito que a manutenção já tenha sido concluída, correto?

— Sim, senhora!

Os membros da equipe gritaram em uníssono.

— Porém, parece que a energia do hangar foi cortada pelo inimigo. Não podemos operar o portão.

— Hm, acho que não temos escolha. Passem por cima.

— Ligue o Realizer base com o propulsor e liberem o Território. Inicializem a camuflagem e a evasão automática.

— Como desejar, iniciando a unidade Realizer base e o motor justaposto.

— Construindo o território. Estamos prontos para partir.

Os bipes triviais e tons eletrônicos dos mecanismos surgiram de algum lugar acompanhados pelas vozes animadas da equipe. Enquanto eles ficavam cada vez mais altos, Kotori levemente acenou com a cabeça e deu um olhar à Shidou e os outros que estavam convenientemente em pé do lado dela.

— Preparem-se, segurem firme.

— Oh, tá bom.

Shidou acenou com a cabeça em concordância e segurou firme no pilar posicionado o lado da parede. Os espíritos imitaram seu exemplo, exceto Origami e Nia que seguraram em seus braços. As duas foram por fim puxadas por Tohka e as outras que lutaram para manter até o último dedo agarrado aos braços do pobre garoto. Kotori suspirou de desanimo e virou sua cabeça para frente, dando ordens em tom de comando.

— Fraxinus EX, vai!

Logo após isso, todo o lugar tremeu como se reagisse ao seu comando. O monitor primário mostrou as paredes interiores do Hangar sendo demolidas por uma força invisível devastadora, fazendo-as ficar em entulhos.

Uma sensação de formigamento e flutuação envolveu toda ponta de comando, e a imagem mostra na grande tela se transformou no céu azul em instantes.

— Uohh...

Shidou exclamou suavemente enquanto colocava força nas pernas para estabilizar seu corpo.

Uma nave que utiliza unidades Realizer não precisa adquirir elevação como outros veículos aéreos para alçar voo. Pelo contrário, o Território que cobre toda a nave faz com que a embarcação toda flutue irrestritamente. Por esse motivo, ele pode voar de uma forma que desafia as leis da física.

Naquele momento, uma grande silhueta foi confirmada voando no céu pelo monitor, resultando em um alarme sendo disparado dentro da ponte de comando.

『A nave de batalha inimiga que paira sobre a base foi confirmada. O que devemos fazer?』

A voz de Maria foi emitida pelo alto-falante. Kotori franziu o cenho e levantou o palito do pirulito.

— Nós devemos prosseguir para o espaço o mais rápido o possível.

『Afirmativo.』

— Mesmo que soframos algum dano, não podemos diminuir a velocidade.

『Afirmativo.』

— Você já sabe do resto, Maria.

『Afirmativo.』

Como Maria insipidamente respondeu, Kotori então segurou seu pirulito entre os dedos e apontou para frente.

— Resolva isso em um minuto.

『Essa é a Kotori que conheço.』

Com maria dizendo isso de forma alegre, Kotori então deu ordens à equipe.

— Descarreguem os número um a três. Definam o território para obstruir qualquer intruso e mude seus atributos para explosivo em seguida.

— Entendido, as unidades um a três estão preparadas para serem lançadas.

Os monitores auxiliares mostraram um esboço da Fraxinus, mostrando sua seção traseira que parecia uma grande árvore brilhante. No instante seguinte, algumas "entidades desconhecidas" que apareceram na tela voaram em direção ao céu sem fim.

O motivo pelo qual eles foram descritos como entidades desconhecidas era simples, essas entidades desconhecidas estavam cobertas por uma camuflagem desconhecida. Os olhos nus de Shidou não era capaz de vê-las. Assumindo que os transparentes entrará em contato com a nave inimiga, sua trajetória poderia levemente distorcer o espaço.

Segundos depois, eles chegaram em frente a nave de guerra da DEM e essas entidades desconhecidas simultaneamente detonaram. Mesmo o inimigo não esperava que isso acontecesse. A deplorável nave emitiu uma fumaça grossa e começou a descer em direção a superfície.

— Hmm.

Kotori apontou seu dedão para baixo.

— Tempo decorrido, 52 segundos.

— Passável, nós temos que recuperar esse tempo. Eleve a altitude e atravesse a atmosfera de uma vez só.

— Entendido!

Assim como a equipe respondeu. O corpo da Fraxinus levemente vibrou e a visão na tela principal mudou em velocidade incrível. Essa cena parecia com a registrada por uma câmera presa em um balão subindo.

Antes de alguns minutos se passarem, o cenário mostrado no monitor principal já não era mais o céu, mas sim o espaço sideral, um lugar negro com incontáveis estrelas brilhando.

Era exatamente a mesma cena que a câmera automática tinha registrado anteriormente, Shidou engoliu em seco olhando fixamente o cenário.

Naquele momento...

A figura de uma jovem garota afundada em um sono tranquilo com esvoaçantes cabelos dourados apareceu.

— ...Mukuro...!

Shidou cerrou seu punho com força quando disse o nome da garota. Apesar do fato de sua voz não alcançar o lado de fora, as sobrancelhas de Mukuro tremeram de leve.

— ...Hã?

A Fraxinus detectou um som vindo do lado de fora. Apesar de fraco, era definitivamente a voz da Mukuro sendo transmitida pelo alto-falante.

Sob circunstancias normais, o som não pode se propagar no vácuo do espaço. Mas isso é provavelmente devido ao efeito do território de seu Astral Dress que permitia sua voz prontamente e claramente vibrar nos ouvidos de Shidou.

— Tu devias ter ouvido minha advertência, tu que viste da mesma origem.

Mukuro esticou seu corpo e ergueu a mão direita, seus lábios se moveram levemente.

.

Com esse verso dela, um cajado em forma de chave se materializou na mão direita de Mukuro. Ela então encaixou a parte dentada de em um espaço vazio.

—《Rãtaibu -Unlock》.

Mukuro virou a chave, criando um portão gigantesco. Ela ergueu a mão, e imediatamente a abaixou executando sua sentença de morte. Os inúmeros pedaços de lixo dispersados no espaço ao redor foram atraídos pelo portão e sugados para dentro, parecido com um buraco negro que suga tudo. No momento seguinte, mais portões apareceram em volta da Fraxinus, disparando diversos projéteis de uma só vez.

— U-Uawahh?!

Shidou não pôde deixar de se curvar quando ele viu o incontável número de pedras viajando em direção da nave com velocidade considerável. Porém, Kotori não estava sequer frustrada e prontamente deu ordens.

— Território, especializar em defesa!

— Entendido!

As telas dos monitores auxiliares brilharam fracamente. Enquanto isso, os inúmeros projeteis se desintegraram antes de atingir o corpo da nave.

— I-Isso é...

— Seria outra coisa se tivéssemos sido atacados diretamente pelo anjo, mas essas pedrinhas não têm efeito algum contra a Fraxinus.

Kotori explicou triunfantemente enquanto girava a cadeira de capitão 180 graus em direção a Shidou.

— Muito bem, Shidou, é sua vez, está preparado?

— Un, é claro.

Shidou balançou a cabeça com zelo enquanto mostrava determinação. Kotori então arregalou os olhos como se não esperasse essa reação.

— Mesmo que eu não saiba o que você e o /Shidou/ do outro mundo conversaram, essa sua atitude não é nada mal. Muito bem, vamos começar nossa guerra .

Quando ela disse isso, Kotori usou seu queixo para sinalizar os membros da equipe que operavam seus consoles de automação. Em volta do esquema da Fraxinus mostrado no monitor, um campo circular aumentou de tamanho.

— Nós vamos expandir o território da Fraxinus até as coordenadas da Mukuro, assim o Shidou não vai precisar se preocupar com o ar ou a radiação cósmica. Você poderá se movimentar livremente pelo espaço. Afinal, vestir uma roupa espacial é algo nada romântico para se vestir em um encontro.

Kotori encolheu os ombros como se tivesse contado uma piada e continuou a falar.

— Você pode depender de nós para controlar seus movimentos básicos e se defender. O Território deve ser capaz de bloquear qualquer ataque como antes. Shidou, você tem que fazer o máximo o possível para se aproximar da Mukuro. Comece a estratégia.

— .....

Shidou olhou atentamente mais uma vez para a Mukuro que estava flutuando no centro do monitor LCD, e levemente assentiu com a cabeça enquanto soltava o ar em seu pulmão.

... Naquele momento.

— S-Sobre isso.

Natsumi, que estava timidamente se escondendo atrás de Yoshino, inesperadamente falou.

— O que foi, Natsumi? — Perguntou Kotori, se virando em direção da voz.

— ...Não, não é nada, é que... a Mukuro parece... ser assustadora... nós não devíamos ir junto? Vai ser... o que acha?

Natsumi murmurou hesitantemente enquanto olhava solitariamente para o lado.

Como se algo tivessem sido despertados pelas palavras dela, os outros Espíritos verbalizaram suas opiniões também.

— S-Se eu puder ajudar... E-Eu de bom grado ajudarei a proteger o Shidou-san com o ... se o Território não conseguir segurar a Mukuro-san...

— Ah, boa ideia. As músicas do meu poder ser úteis também.



— Ooh! Eu vou também!

Os Espíritos pediram alternadamente com olhos parecidos com os de um filhote de cachorro pedindo carinho, o que fez sua expressão ficar desconfortável por um grande período de tempo. Por fim, Kotori não teve escolha a não ser desistir e suspirar.

— Pessoal, sério... só façam algo se a vida do Shidou estiver em perigo, esse encontro tem como objetivo persuadir a Mukuro. Uma multidão de pessoas se aproximando dela sem ela compreender o porquê só vai deixa-la alerta e dificultar as coisas.

— Ooh!

Os Espíritos forçadamente concordaram com ela movendo suas cabeças. Shidou não pôde fazer nada além de dar um sorriso torto ao ver essa cena.

— Obrigado pessoal. Eu vou dar meu melhor para que não precisem fazer nada.

Shidou prontamente deu um passo à frente e ocupou a unidade de teletransporte.

— Bem então, estou em suas mãos, Kotori.

— Un, comecem o teletransporte imediat...

Porém, quando Kotori estava dando sua ordem final, uma luz vermelha se iluminou dentro da ponte de comando, junto com uma sirene de alarme.

— O que está acontecendo?!

— ...! É um inimigo! Acima da Terra, são três... não, quatro naves de guerra da DEM!!

Quando Minowa gritou essa situação emergencial, as figuras de algumas naves de guerra apareceram no monitor. A drástica mudança de eventos fez o rosto de Kotori ficar enfurecido.

— Mas que péssima hora... mesmo que já fosse esperado, eu não pensei que aconteceria tão cedo. Bem, eles vão ser feitos em picadinhos que nem antes, não importa quantos sejam...

No meio de suas palavras, as sobrancelhas de Kotori se distorceram levemente. Seus olhos estavam fixamente focados nas quatro grandes naves de guerra mostradas na tela, mirando especificamente a menor entre o quarteto. Mas "menor" era meramente uma questão de relatividade. Sua expressão ficou severa, permeando com um pouco de excitação. As características do corpo da nave eram como a de um peixe platinado, e seu exterior era obviamente heterogêneo com o das outras naves. Como elas estavam ali juntas, isso significava que elas vieram com intenção de combate. Mas a nave que estava destacada das outras parecia ter sido desenvolvida para objetivos especiais e para o uso de alguém altamente qualificado.

Kotori girou o palito do seu pirulito e proferiu o nome daquela nave.

— Goetia...!

— O qu...! — Shidou arregalou os olhos chocado.

. Apesar de ser a primeira vez que ele vê aquela nave com seus próprios olhos, aquele nome foi dito pela boca de Kotori diversas vezes. Era a nave de guerra pessoal da Ellen Mira Mathers, equipado com o mais poderoso motor do mundo. Além disso, no "mundo passado", a nave tinha abatido a Fraxinus. Gotas de suor escorreram pelo rosto de Kotori enquanto ela lambia seus lábios secos.

— Que rancorosa, pedindo uma revanche no primeiro dia que a nova Fraxinus alça voo.

— Algum problema...?

Shidou perguntou enquanto franzia as sobrancelhas. Maria então respondeu pelo alto-falante.

『Não se preocupe. Eu sou diferente da versão anterior. Eu vou fazer com que o inimigo conheça o nome da nave número um do mundo.』

— Muito bem dito, Maria.

Kotori afastou para trás os cantos de sua boca para mostrar um sorriso e instintivamente ordenou aos membros da equipe.

— Montem o Território duplo! Expandam a primeira camada nas coordenadas (6,2,2), definam o atributo como controle espacial, e definam a segunda camada como defensiva! Preparem-se para a batalha!

— Entendido!

Os membros da equipe simultaneamente responderam à suas instruções e rapidamente começaram a operar seus respectivos consoles de automação. Depois de Kotori observar o progresso do trabalho deles, ela voltou sua cabeça para Shidou e mostrou a ele um generoso polegar.

— Mukuro é toda sua, Shidou. Boa sorte em sua batalha, não, nesse caso... Boa sorte em seus assuntos românticos.

— Haha, o que você quer dizer com isso?

Ao ouvir as palavras estranhas, porém acalentadoras dela, Shidou caiu em gargalhadas.

— Você também, Kotori.

— Un.

Seguindo a resposta breve de Kotori, o corpo de Shidou foi levado para o lado de fora da nave sem demora. Sua visão instantaneamente mudou da ponte de comando da nave para a vastidão do espaço sideral. Uma sensação de levitação caiu sobre seu corpo.

— Ooh...?!

Shidou gritou quando seu corpo foi liberado do peso da gravidade, quase orbitando no lugar.

Todavia, precisamente como Kotori tinha dito, havia um profundo senso de estabilidade como se uma mão invisível o estivesse guiando pelas costas. Era sem dúvidas o território que mantinha a compostura do corpo de Shidou. Naturalmente, devido ao fato de ele não ter nenhuma experiência em mergulhar no espaço, um formigamento não pôde ser evitado. Mas ele conseguia respirar normalmente e a temperatura que sentia era apropriada. Essas condições controladas eram suficientes o bastante para dar o clima necessário para Shidou conversar com Mukuro normalmente.

— ...okay.

Shidou acenou com a cabeça gentilmente, contraindo poderosamente suas pernas e pedalando pelo espaço. Respondendo ao impulso que Shidou gerou com seu corpo, ele se móvel na direção de Mukuro.

— ...Hã?

Foi então que ela finalmente percebeu a existência irritante que estava vagarosamente se aproximando dela. Mukuro mudou a direção de seu olhar para ver Shidou se aproximar, solenemente espremendo seus olhos em resposta.

— Tu, se me recordo, teu nome és Shidou, lamento não me esquecer. A Muku já não te deste adeus há muito tempo atrás?

Ao ouvir a voz de Mukuro pessoalmente pela primeira vez, ele percebeu um pouco de tensão e nervosismo misturado com alegria e senso de dever em seu corajoso coração enquanto encarava atentamente o rosto de Mukuro.

— Estou honrado por se lembrar do meu nome. Isso significa que você queria me ver de novo?

— ...Hã?

Mukuro inclinou sua cabeça, mas isso não significava que ela não entendeu as palavras de Shidou. Dizer tais palavras tão confiantemente fizeram ela suspeitar que Shidou tinha batido a cabeça ou tivesse enlouquecido. Porém, Shidou não se importou com isso e continuou.

— Se prepare, sua criança mimada. Você vai descobrir que meu ego não tem fim.

Dentro daquele mundo escuro infindável que separava os céus da terra, as cortinas foram abertas para revelar um clandestino entre homem e espírito.

Continua...
Posfácio

Há quanto tempo, eu sou Tachibana Koushi.

Dessa vez, eu apresento a vocês o Volume 14 de Date a Live: Planeta Mukuro, o que acharam dele? Eu ficarei extremamente honrado se gostarem.

Como mencionei, 六喰 é lido como むくろ (Mu-ku-ro). Seguindo a linha do nome impronunciável da Kurumi 時崎狂三 e o nome totalmente confuso da Natsumi 七罪, outro nome complicado foi introduzido. Por que ela se chama assim? É porque fica muito mais elegante dessa forma. Quando eu apresentei esse nome ao editor, ele me disse que 喰 era muito mais legal que 食 (observação do tradutor: no literal ambos têm o mesmo significado = comer).

Seguindo, esse volume é dividido quase que completamente em capítulos no espaço e capítulo no mundo de conto de fadas. Na linha temporal da trama principal, é como se concluísse o arco da Nia e começasse o da Mukuro.

De qualquer forma, a versão de conto de fadas dos Espíritos ficou tão adorável! Isso realmente me fez ter vontade de colocar os outros personagens naquele mundo. Vamos imaginar:

《A bela adormecida Reine》 (Na verdade ela não dorme por causa da insônia.)

《Princesa Kaguya - Tama-chan》 (Não consegue se casar porque tem padrões muito altos)

《O lobo e as Sete Kurumis》 (Mas elas que vão atazanar o lobo dessa vez.)

《Ali Baba e as 40 Kurumi》 (Coitadinho dele)

《101 Kurumis》 (Somente desespero é o que nos resta)

Seria bem complicado, apesar de bem interessante. Eu espero conseguir escrever algo assim em uma história extra ou um capítulo solto. Foi graças ao esforço de muitas pessoas que esse volume pôde ser publicado.


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Date a Live Volume 14 - Capítulo 04

Capítulo 4 - Conto de Fadas
Tradução: Muturn
Revisão: Fallen-kun

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Parte 01

— ...Uh, eh...

Shidou gemeu suavemente enquanto espreitava seus arredores com olhos confusos. Era difícil distinguir se a realidade estava borrada ou se o borrado era a realidade.

Shidou meticulosamente coçou seus olhos para se recuperar da visão distorcida e o cenário enevoado aos poucos se limpou.

— ......?

Porém, uma sensação dissonante anormal se sucedeu quando o que estava em sua visão periférica ficou claro. Shidou estava deitado em uma estrutura parecida com uma cama, apesar do lugar obviamente não ser familiar para ele.

— Onde é... este lugar...?

Shidou franziu as sobrancelhas enquanto mexia seu corpo com um farfalhar. Parecia que a mobília em que ele estava deitado era feita de palhas de arroz entrelaçadas. Em uma inspeção mais próxima, a casa onde Shidou se encontrava, parecia ser feita do mesmo material: Desde os muros e o teto até as colunas de sustentação.

— Isso é...

Os ombros de Shidou tremeram repentinamente.

A pouco tempo atrás, ele estava dentro do armazém secreto da Ratatoskr sendo engolido pelas páginas do livro em posse de Westcott.

— Eu estou... dentro de um conto...?

A expressão de Shidou se distorceu de perplexidade enquanto ele vagarosamente saia daquela cama. Algo estava errado. Seu corpo parecia estar deteriorado e seus movimentos pareciam estar menos ágeis. Shidou duvidosamente olhou para si mesmo e percebeu que ele estava vestindo roupas grossas de algodão por algum motivo.

— Qual é a dessas roupas...? Isso é tão inconveniente.

Shidou franziu as sobrancelhas enquanto movia seu corpo, e removeu aquelas roupas. Descartando a máscara que cobria seu rosto, Shidou forçadamente flexionou seu pescoço. Depois disso, ele observou o colarinho da roupa e afastou o rosto devido a incompreensão.

— .......Um porco?

Pele cor de rosa, orelhas redondas e dobradas, além de um característico focinho saliente, Shidou estava vestindo uma fantasia de animal que geralmente aparecia em contos de fada. Ele instantaneamente reconheceu sua aparência atual e seu corpo congelou imóvel.

— ...Porco... casa de palha... será que é...?

Naquele momento, a cabana inteira foi soprada para longe por uma ventania violenta, destruindo toda a construção.

— U-Uwaah!?

Shidou, cujos passos estavam instáveis por causa da pressão intensa, também foi atirado ao chão junto com as pilhas de destroços.

— Isso doeu, o que está acontecendo?

Shidou estava raciocinando enquanto ele tremulamente ficou em pé enquanto protegia sua cabeça com os braços por reflexo. O motivo para a massiva destruição ficou evidente. Uma grande sombra cobriu Shidou inteiramente.

— ......

Shidou ergueu a cabeça com considerável inquietação. O que se materializou diante dele foi uma gigantesca fera que podia sem qualquer esforço intimidar qualquer um com sua postura destemida. Suas mandíbulas pontudas e afiadas estavam descobertas, a única coisa que podia superá-las eram suas presas caninas que pareciam estar mirando em Shidou. Um par de olhos brilhantes e penetrantes o marcavam como uma presa.

Ele possuía espessos pelos por toda extensão de seu corpo mamífero. Sua altura imponente, muitas vezes maior que Shidou, só servia para deixar ainda mais clara sua diferença de proporção. Com sua estatura bípede, a criatura predadora parecia um vilão antagônico recorrente das histórias infantis: Canis Lupus, o lobo.

— Kehehe, delicioso porquinho. Eu vou te comer em uma única mordida!

O lobo gananciosamente lambeu os beiços de maneira exagerada, espalhando saliva por todo o chão e sobre a pobre cabeça de Shidou.

— I-Isso...

Shidou estremeceu enquanto suava profusamente.

— Espera um minuto. Acalme-se, eu sou...

— Gaaaaaaaah!

O lobo estendeu suas mandíbulas em direção ao Shidou, em total desrespeito às suas palavras.

— Uwaaaaaaah!?

Além das impressões externas que o lobo passava e de seu comportamento, ele poderia muito bem ser um personagem cômico, se não fosse por sua ousadia indisciplinada e pelo odor bestial que vinha de seu corpo. Shidou só podia pensar em uma coisa: morte. Ele gritou até seus pulmões estourarem e fugiu dali em um estado lamentável.

— Hahahaha, você não pode fugir de alguém como eu!

O lobo uivou, alto o bastante para estremecer todo o ár à sua volta e o perseguiu. Naquela hora, sua mente já tinha se liberado de qualquer distração e ele corria como se sua vida estivesse em jogo. A fantasia de animal, a casa de palha e o lobo que o perseguia... era como se...

— ... Os Três Porquinhos!?

Shidou recitou o título que veio à sua mente enquanto corria pelo vasto gramado. Verdade, Os Três Porquinhos era um conto muitíssimo conhecido. Cada um dos irmãos porcos construiu suas próprias casas. O mais velho fez uma casa de palha e o segundo uma de madeira, mas ambas foram derrubadas pelo grande lobo mau. Somente o mais novo deles dedicou seu tempo para usar tijolos na construção de sua casa, deixando-a completamente segura. Pelo menos assim era o conto. Shidou contrastou a história com sua situação atual. Ele estava dormindo em uma casa de palha, isso significa que...

— Eu sou o primeiro dos irmãos que foi comido, né!?

Shidou gritou, quase como se estivesse a ponto de chorar.

— Volte aqui, porquiiiiinho!

O lobo gritou com uma voz que fez com que Shidou se enchesse de medo.

Talvez por pura sorte, ou era o destino que estava em seu favor, o lobo que estava perseguindo Shidou à um passo que não condizia ao de uma besta quadrúpede, pois o mesmo insistia em ficar sobre duas patas. Como resultado, o animal enorme não podia desprender energia o suficiente para ultrapassar a velocidade de Shidou. No entanto, ele já estava quase chegando ao seu limite; seu corpo todo doía, seus músculos estavam fadigados, seu coração e seu pulmão estavam disparados.

— Hah... huu...

No momento que Shidou parasse; ele seria engolido para o estômago faminto do lobo. Portanto, ele manteve a velocidade, vacilando, até ver uma forma de escapar daquela situação.

— ......!

Sem saber por quanto tempo ele estava sendo perseguido nessa situação de vida ou morte, Shidou viu uma pequena construção à frente. Além disso, aquela não era a cabana de madeira do segundo irmão. Ele sabia que seria falta de educação entrar sem ser convidado, mas nas circunstâncias atuais não deixavam escolha. Então Shidou grosseiramente entrou na casa e trancou a porta atrás dele.

— Ha...ha...ha...

Shidou apoiou seu peso sobre a porta, fazendo tudo que podia para impedir qualquer entrada. Algumas batidas do outro lado ecoaram pela sala, fazendo ele suar frio. Ele pressionou por quanto tempo ele conseguiu enquanto aguentava os ataques vigorosos do lobo à frágil porta. Depois que algum tempo se passou, o som se extinguiu, ficando tudo silencioso. O lobo deve ter abandonado a tentativa de invadir o refúgio de Shidou.

— F-Finalmente a salvo.

Ele vagarosamente recobrou sua compostura perdida e regulou sua respiração ao se esticar no chão. Shidou alegremente ergueu sua cabeça como se tivesse se esquecido de algo crucial. Ele recobrou à cena final do conto que envolvia o lobo mau tentando entrar na casa de tijolos do irmão mais novo: ele tentou invadir a casa pela chaminé quando se deu conta que a destruir não daria certo.

— Esse lugar não parece ter sido feito por um dos irmãos porco. Tem alguém ai...?

Shidou gritou para avisar aos moradores daquela casa que o lobo tentaria invadi-la pela chaminé.

— Com licença! Tem alguém aí!?

Um quase inaudível sussurro pôde ser ouvido de dentro de um dos quartos, silencioso o suficiente para ser considerado uma resposta à alguém.

— S-sim... quem seria você....?

Parece que tinha alguém ali. Shidou se sentiu obrigado a contar para quem quer que seja sobre o perigo...

— ......Nn?

Shidou inconscientemente inclinou sua cabeça. Ele já tinha ouvido aquela voz antes.

— Agora mesmo, era a...

Shidou retorceu as sobrancelhas enquanto se aproximava da fonte da voz de agora pouco e espiou o quarto. Como esperado, ali estava uma garotinha que ele conhecia muito bem. Ela tinha cabelos que se pareciam com ondas do oceano e uma pequena estatura, sem contar o fantoche de coelho em sua mão esquerda.

— S-Shidou-san?!

— ...Shidou-kun, meu Deus!!!

Yoshino e Yoshinon, que também foram engolidos por um livro mais cedo, arregalaram os olhos espantados. Shidou suspirou aliviado e entrou na sala.

— Yoshino, Yoshinon, vocês estão bem?!

— S-Sim... que bom te ver, Shidou-san!

— Un, mas Shidou-kun, onde estamos, hein?

Yoshinon inclinou a cabeça.

— Eu não tenho muita certeza. Quando eu acordei, eu estava na estória dos Três Porquinhos...hã?

Shidou parou sua frase no meio. Como ele estava sobressaltado com seu reencontro com Yoshino e Yoshinon, ele ainda não tinha reparado nas diferenças em suas aparências. As vestes adoráveis que vestiam também eram típicas de contos de fadas: Uma linda blusa branca, um vestido chique com um laço como decorativo assim como uma túnica vermelha com capuz. Ela inexplicavelmente se parecia com a Chapeuzinho Vermelho.

— Y-Yoshino... suas roupas...?

— eu não sei. Eu já estava as vestindo quando acordei. Então eu fui chamada para visitar a vovozinha...

— Sim sim, por algum motivo, não podemos usar nossos poderes e anjos, e não sabemos nada sobre esse lugar!

Pequenas gotas de suor escorreram pela testa de Shidou quando ele escutou seus lamentos. Era digno de louvores contos como esses serem conhecidos até mesmo pelo povo japonês. Os Três Porquinhos e Chapeuzinho Vermelho eram de fato contos famosos no mundo todo. Segundo a estória, quando a chapeuzinho chega na casa da vovozinha, ela já tinha sido... Shidou sentiu repugnância só de pensar. Ele percebeu que alguém, ou algo, estava se mexendo por baixo dos lençóis da cama daquele quarto.

— Ah chapeuzinho, temos visitas?

Uma voz rouca demais para uma idosa soou.

— S-sim. Sobre isso... vovozinha, eu tenho que ir embora. Eu vou deixar o pão e o vinho bem aqui.

Quando Yoshino disse isso, a vovozinha se remexeu por debaixo nos lençóis.

— Boa garota, boa garota. Você até mesmo me trouxe um delicioso porco, apesar das minhas condições.

No momento seguinte, um enorme lobo pulou para fora da cama, vestindo um disfarce que consistia em pijamas, um chapéu e um par de óculos. Era o mesmo lobo que tinha perseguido Shidou até ali.

— Yaaaaaaaah!?

— Uah! A vovozinha se tornou um animal selvagem?

A dupla de ventríloquos gritou de medo. O lobo rasgou as roupas que vestia e zombou deles.

— Há quanto tempo, porquinho. Achou que se livraria tão fácil de mim?

— Waaaaaaa! Como você conseguiu...?!

Shidou gritou em tom chocado, estupefato pela série de eventos aleatórios que acabaram de acontecer. O senso comum diz que é impossível que o mesmo lobo mau que perseguia Shidou tenha do nada aparecido debaixo dos lençóis naquele lugar.

— Haha, por acaso ainda não entendeu "esse mundo"? Esquece; permita-me saborear sua carne suculenta!!!

— Fujam de pressa, Yoshino, Yoshinon!

— S-Sim!

Shidou segurou firmemente a mão de Yoshino e saiu da casa agitadamente, chutando a porta de entrada. Como antes, eles fugiram para a selva de forma desordenada para tentar despistar o lobo. Mesmo assim, Shidou, que estava guiando Yoshino, chegou ao máximo de sua capacidade corporal depois de um tempo e descuidadamente escorregou sem pensar.

— Kuh...

Ele de alguma forma conseguiu soltar a mão delicada de Yoshino para que ela não caísse junto com ele. Porém, uma substancial quantidade de tempo seria necessária para recuperar a velocidade, principalmente depois de desacelerarem tão bruscamente.

— Shidou-san!

Yoshino estava preocupada e estendeu a mão para ajudar Shidou. Mas era tarde demais. Uma enorme sombra se formou sobre o caído Shidou e se aproximou de Yoshino.

— Não tem mais para onde fugir.

Os olhos de lobo brilhavam com uma fome insaciável enquanto ele vigiava atentamente todos seus movimentos. Shidou exprimiu sua respiração e deu a Yoshino um empurrão com toda a força que conseguiu.

— Yoshino, corra! Rápido!

— Não! Eu não vou te abandonar Shidou-san! Eu não vou fugir!!

— Ahahaha! Muito bem, esplêndida! Eu sei que não haverá nenhum arrependimento. Agora, vou começar meu banquete!

O lobo abriu enormemente suas mandíbulas para engolir ambos em uma única bocada. Shidou abraçou Yoshino como se fosse a proteger até o final. Ele rangeu os dentes, suportando a dor. Mas isso nunca aconteceu, não importa por quanto tempo ele esperou. Em vez disso, o ressoar metálico de uma katana sendo empalada pôde ser ouvido, assim como vários disparos de arma, acompanhados pelos gemidos angustiados do lobo.

— Kuhh, quem são essas pessoas?!

— Eh?

Shidou ergueu sua cabeça por curiosidade depois de ouvir os uivos incomuns de dor do lobo. Duas garotas apareceram ali, montando guarda e os defendendo.

— Tudo bem com vocês, Shidou, Yoshino?!

— Ehehe, essa foi por pouco, Garoto.

— Tohka! E Nia!?

Shidou não podia estar mais feliz quando ele confirmou a identidade da dupla. De fato, naquele momento de perigo iminente, duas garotas tinham aparecido do nada. Tohka estava vestindo uma brilhante vestimenta de guerra de penas entrelaçadas, calça curta arejada e sandálias de madeira, além disso ela tinha uma katana polida em sua mão. Nia, por outro lado, vestia um casaco longo e preto e carregava duas pistolas prateadas, uma em cada mão. Apesar de seu vestuário ser tão excêntrico quanto o de Shidou, eles eram especialmente desenhados para personagens especializados em batalhas, diferente do dele e da Yoshino. Elas lançaram uma ofensiva brutal contra o lobo para proteger Shidou.

A carcaça do lobo foi danificada com perfurações e cortes, assim como feridas de balas. Mesmo assim, ele não demonstrou nenhuma covardia e meramente aprofundou sua provocação feroz enquanto resmungava sofridamente e sujava o chão com sangue.

— Hmph, besta persistente. Eu acho que simplicidade não combina muito com a força.

Nia mirou suas armas como se transmitisse descaradamente sua inconveniência. Ela olhou para a direção de Tohka e continuou seu discurso.

— Tohka-chan. Esse bolinho em sua cintura, porque você não o joga nessa boca desgraçada que ele tem?

— Un? Esse aqui?

Tohka acenou em concordância e executou a sugestão de Nia. Ela pegou um bolinho de arroz do bolso em sua cintura e o jogou para o lobo.

— Aqui vai.

— Gaaaaaaaaaa-a?

Respondendo ao ataque de Tohka, o lobo rapidamente abriu sua boca e comeu o bolinho, engolindo-o com prazer. No segundo seguinte, o lobo entrou em uma notável, quase ilusória, espécie de transe, se sentando em uma postura que era bem diferente da figura vulgar de antes.

— Oh, delicioso! Não tenho certeza do que querem com isso, mas meu estômago agradece!!

— Eh....?

O lobo abaixou a cabeça se desculpando quando Shidou suspirou.

— Bem, porquinho, chapeuzinho, me desculpem pelo o que fiz. Eu estava muito entusiasmado pois estava faminto...

— Ah, uh...

A repentina descontinuidade na atitude do lobo assustou Shidou. ao mesmo tempo, Nia deu alguns risinhos de desdém.

— Como esperado dos bolinhos do Momotarou, ele funciona direitinho em cães.

Nia elogiou enquanto dava tapinhas nos ombros de Tohka. Como ela disse, as roupas de Tohka poderiam ser reconhecidas por qualquer pessoa japonesa. O folclore mais famoso do Japão: Momotarou, o Garoto Pêssego .

— E isso pode ser chamado de bolinho...?



— Bem, os detalhes não importam...

Nia explicou enquanto encolhia os ombros. Embora algumas coisas não tivessem muito bem elaboradas, funcionou como ela disse. Shidou pôde assim ao menos relaxar um pouco, e deliberadamente forçou as pernas para ficar de pé em frente a dupla.

— Umm... obrigado, Nia, Tohka.

— Un, o importante é que você está bem.

Tohka sorriu enquanto habilmente desembainhou a espada, guardando-a na bainha comum tinindo. Seu cabelo estava amarrado em um único rabo de cavalo e ela usava uma faixa na testa. De alguma forma, sua roupa emanava um ár de maestria e habilidade.

— Algo errado?

— Não, esquece. De qualquer forma, você sabe onde estamos, Nia? Estamos presos dentro do ?

Ao ser interrogada por Shidou dessa forma, Nia descaradamente soltou um *un* de reconhecimento.

— Não exatamente... De fato, estamos no , mas não somente no . Para ser precisa, essa fantasia que estamos vendo é um mundo paralelo criado pelo .

— Um outro mundo?!

Shidou franziu a sobrancelha quando ouviu a conclusão dela. O mundo adjacente: é lá onde os Espíritos ficavam presos sem terem nenhuma esperança.

— Parece que sim. Basicamente, estamos em um espaço separado do mundo externo.

— E-Entendi, então porque Yoshino e vocês estão usando essas roupas?

— Un, a Livraria fantasma é baseada em nossa imaginação. Fantasias e sonhos são traços que alimentam esse espaço.

— E isso significa?

— Bem, resumindo, reúne informação sobre vários contos e combina os seus cenários. Nós, estando presos dentro dele, também fomos misturados com eles.

— Contos...

— Sim. Suas roupas parecem ser normais. Garoto. Você está associado com algum conto?

— Ah, quando eu acordei eu estava numa fantasia de porco, e então eu fui perseguido por esse lobo...

— Hã? É claro, Os Três Porquinhos! Ahh, por que você a tirou?! Eu queria ver...

— N-Não faça um alvoroço por causa disso!

Quando o envergonhado Shidou reclamou com Nia, ele observou a aparência de todos novamente. De fato, todas estavam usando roupas de diferentes personagens de contos de fada. Shidou era Os Três Porquinhos, Yoshino a Chapeuzinho Vermelho, Tohka era o Momotarou, porém...

— Hm?

A expressão de Shidou ficou confusa enquanto encarava Nia.

— Nia, que personagem você é?

Mesmo que ele pudesse vagamente deduzir a personagem em que as roupas das outras foram baseadas, Shidou não fazia ideia de qual era o de Nia. Ao menos, ele nunca tinha visto um protagonista em qualquer história que se parecia com ela.

— Isso? É o Fatima do Silver Bullet.

— Silver Bullet... Hã, esse não é o seu mangá?!

Nia contraditoriamente respondeu, fazendo Shidou exclamar em resposta, mesmo averiguando o fato. Suas roupas eram muito similares ao do personagem principal do mangá desenhado por Honjou Souji, Silver Bullet.

— Kukuku, não tem nada de estranho nisso, Garoto. A probabilidade de uma obra popular ter prioridade sobre as demais é bem alta. Mas nesse caso, ter caído justo o meu conto foi obra do destino!

— S-Sério? E eu pensei que era restrito somente à contos de fadas...

— Bravata. Ele leva em conta a opinião das pessoas sobre os contos, eles vão existir não importa aonde vá. Como uma conveniente analogia, alguns personagens não ficam tão populares que dificilmente uma pessoa no mundo não os reconheceria? Um exemplo é aquele famoso rato preto e branco...

— Pare! Eu não acho que você deveria falar desse tópico em particular.

Shidou gritou enquanto balançava sua cabeça de um lado para o outro.

— D-De qualquer forma, eu tenho uma compreensão aproximada de que tipo de lugar estamos. Mas eu estava inconsciente quando cheguei aqui... você sabe quanto tempo se passou desde então?

Shidou inquietamente retorceu as sobrancelhas e perguntou isso. Quando ele e os outros chegaram naquele lugar, eles estavam à caminho da Fraxinus. Se eles desperdiçarem seu precioso tempo, a base da Ratatoskr seria destruída ou por Mukuro ou pelas garras demoníacas da DEM. Percebendo a ansiedade de Shidou, Nia gentilmente descruzou os braços dele de forma em que acalmasse sua inquietação.

— Bem, a pressa é inimiga da perfeição. Garoto, você precisa se acalmar em horas como essa. O fluxo do tempo é menor nesse mundo, nada grave vai acontecer nesse meio tempo.

— É-É verdade?

Suas palavras deram um pouco de paz para a mente dele. Nia voltou a falar.

— Mesmo que isso seja uma coisa boa, nós ainda não temos ideia do que precisamos para sair daqui, não podemos ficar parados.

— Isso mesmo, eu quase me esqueci. Como é que vamos sair daqui?

Nia cruzou os braços na altura do peito, confusa com essa questão.

— Bem... o único método que conheço é o Westcott reabrir a passagem com o , mas...

— Hmm...

Shidou expôs uma expressão pesada. Não tinha como ele e seus amigos confiarem suas esperanças no seu pior inimigo que tinha lhes capturado. Sem contar que mesmo se Westcott fosse os liberar dali por algum motivo, isso só aconteceria depois dele atingir todos seus objetivos mesquinhos.

— Fora isso... nós não temos escolha a não ser procurar algum personagem que pode quebrar esse mundo por dentro. Entre esses protagonistas de contos de fadas deve ter um herói com poderes onipotentes...

— E alguém assim existe?

— Sim, esse mundo consiste em todos os tipos de contos reunidos em um mesmo lugar, sejam antigos ou novos. Não tenho certeza de qual pode nos ajudar, mas tem que ter um, você não acha que ele estaria disposto a nos ajudar?

Shidou franziu as sobrancelhas ao ouvir a declaração de Nia. Ele estava completamente ignorante em relação ao quão absurdamente grande esse mundo era, seria como procurar uma agulha em um palheiro. Ainda assim, Shidou não podia ficar parado sem fazer nada. Ele relaxou sua respiração e ergueu sua cabeça decididamente.

— Resumindo, antes de tudo nós temos que encontrar todos. Kotori e as outras devem estar por aqui em algum lugar.

— Un, é mesmo.

— Nesse caso, vamos começar. Seria inútil voltar se todos não estivermos juntos.

Shidou disse isso com confiança enquanto os outros concordaram com ele. Porém, Tohka estranhamente abraçou seu peito com ambas as mãos.

— Mas Shidou, como faremos isso?

— Uhm, isso...

Shidou estava sem saber o que responder a ela. Isso de fato era a coisa certa a se fazer. Mas francamente, eles não tinham a menor pista de como fazer isso. Shidou vexativamente se afundou em pensamentos. O lobo, que permanecia quieto até aquele momento, ouviu atenciosamente a conversa deles e vagarosamente ergueu sua pata.

— Sobre isso, vocês por acaso estão procurando seus companheiros que vieram a esse mundo com vocês?

— Ah, isso mesmo.

Shidou respondeu perplexamente ao cortês lobo que tinha mudado completamente de personalidade a pouco tempo atrás. O lobo altivamente bateu no peito orgulhosamente e continuou.

— Então esse meu focinho será de grande ajuda. Como estrangeiros nesse mundo, o cheiro de vocês é bem peculiar. Eu posso sentir esse cheiro e seguir os rastros de seus amigos.

— S-Sério?

— Bem competente hein, lobo.

a expressão facial de Tohka brilhou vividamente enquanto ela acariciou a cabeça do animal.

O lobo certamente queria agradecer a pessoa que o alimentou a tratando como seu mestre, latindo alegremente.

— Então, vamos indo. Embora esteja fraco, eu sinto algo vindo de uma pequena vila ao norte daqui.

— Estaremos contando com você.

Shidou colocou força nos dois pés e se levantou. Mas devido ao grande uso, suas pernas cansadas logo tropeçaram por estarem muito fracas.

— Cuidado...

— T-Tudo bem com você, Shidou?

— Ahh, estou bem, só um pouco cansado.

Ao ouvir as palavras de Shidou, o lobo sentiu uma pontada de culpa e abaixou as orelhas.

— Sinto muito, foi culpa minha. Deixe-me carregá-lo porquinho, como uma forma de me desculpar.

— Não precisa chegar tão longe.

— Não não, não se preocupe. Venha, por favor entre em minha boca. Eu sou do tipo que engole a presa toda de uma só vez, sem mastigar. Eu vou te vomitar quando nós chegarmos, não se preocupe.

— .....

Shidou só conseguiu balançar a cabeça silenciosamente diante de uma oferta tão assustadora.
Parte 02

— ...-ri! Kotori!

— .... não.... tal coisa.

Sob sua consciência desaparecendo a cada segundo que se passava, Kotori fracamente ouviu uma voz familiar.

No entanto, seu corpo não tinha estímulos o suficiente para esboçar qualquer reação, e isso não se limitava a somente seu corpo físico. Até mesmo a cognição de seu cérebro era incapaz de emitir alguma resposta. A única coisa que governava o corpo adormecido de Kotori naquela hora era uma aprofunda sonolência. Suas mãos frias e pés estavam congelando à ponto dela sequer os sentir mais. Se ela se rendesse ao demônio do sono ela possivelmente não acordaria mais. Mesmo que isso esteja bem claro em sua mente, Kotori não mostrava o mínimo esforço para reagir. Somente um pequeno fio de consciência permanecia nela, e ela caí pouco a pouco no buraco sem fim da sonolência, como pequenos grãos de areia em uma ampulheta.

— Ah Shidou, chegou em boa hora, Kotori está congelando!

— Pedido. Isso é extremamente perigoso. Por favor, faça ressuscitação cardiorrespiratória.

— ...Uah, acaricie seu peito logo de início. Você realmente é corajoso.

— Negligência. Em situações de emergência como essa não faz mal. Por favor, envolva-a diretamente.

— ...O-O-O que está fazendo?!!

Kotori gritou estridentemente quando ela sentiu seus seios sendo massageados. Ela instantaneamente abriu os olhos surpresa, somente para descobrir que a pessoa que apaixonadamente apertava seus seios não era seu querido irmão Shidou, mas as duas garotas com rostos idênticos.

— O que estão fazendo...? Kaguya, Yuzuru.

Kotori perguntou isso com olhos semicerrados. Elas olharam uma para a outra e imediatamente se viraram para Kotori. Elas vestiam roupas simples e rústicas e carregavam uma grande bagagem. Kaguya usava bermudas enquanto Yuzuru usavam um vestido, mas tirando isso elas eram muito parecidas, devido ao fato de serem irmãs gêmeas.

— Kuku, nós te enganamos direitinho, Kotori.

— Concordância. O nome de Shidou te desperta com grande eficácia através do poder do amor.

As duas garotas que tinham massageado os seios de Kotori retiraram vagarosamente seus dedos dali. Kotori rapidamente as empurrou para longe e ficou de pé, mas caiu no chão por cansaço.

— A-alguma coisa errada?

— Preocupação. Você parece estar completamente debilitada.

— ...Realmente eu estou fraca.

Kotori exalou um ar nebuloso e fracamente olhou para as condições miseráveis dos seus arredores. Sua localização atual era uma paisagem que aparecia em contos de fadas, uma rua comum de um país estrangeiro. O problema, porém, não estava aí, mas sim no clima terrível. Até onde seus olhos conseguiam enxergar, tudo estava puramente branco. A neve sem fim cobria toda a cena com uma cortina branco prateada. Sob esse clima severo, Kotori só estava vestindo uma roupa gasta, sem qualquer tipo de proteção contra o tempo frio do inverno. Era inevitável que seu corpo enfraquecesse. Ela olhou para dentro da cesta em suas mãos, e encontrou uma pilha de palitos de fósforos.

— Fala sério... Eu estou parecendo A Menina dos Fósforos.

— A Menina dos Fósforos?

— Questão. O que é isso?

As gêmeas inclinaram suas cabeças na mesma direção e Kotori as respondeu com um pequeno suspiro.

— É um conto infantil escrito por Andersen. Uma pobre garota tentava vender palitos de fósforo na rua durante o inverno, mas ela não conseguiu vender nenhum. Sem conseguir aguentar o frio, a garota acendeu os fósforos para se aquecer... *atchim*.

Kotori espirrou no meio da estória. Mesmo que ela tenha sido revivida pelas irmãs Yamai, sua situação terrível não melhorou muito comparado com antes.

— Uma mudança de local parece apropriada. Aqui está frio demais.

— Consenso. Nós temos que sair da neve.

Kaguya e Yuzuru firmemente pegaram Kotori em suas mãos e a carregaram sobre seus ombros, atravessando a estrada de neve. Depois de muitos minutos, as três finalmente chegaram em um beco estreito. Naturalmente, o frio ainda estava presente ali, mas o lugar era usado como depósito de sucata, então ele as protegia do vento gélido ao menos. Graças aos grandes telhados das casas ao redor, a neve não se acumulava ali.

— Ficar dentro de alguma casa seria melhor, mas podemos usar esse lugar como alternativa.

— Aprovação. Se ao menos tivéssemos fogo.

Yuzuru disse enquanto olhava para o cesto de Kotori enquanto tinha uma brilhante ideia. Kotori, que já sabia o que Yuzuru estava pensando, reciprocamente tirou a caixa de palitos de fósforo de sua cesta.

— Mesmo que seja mercadoria, eu não posso fazer nada além de usá-lo como a menina dos fósforos fez.

Kotori declarou enquanto tirava um palito de fósforo da caixa.

— A propósito, a estória está incompleta. O que aconteceu com a garota depois daquilo?

— Ah, isso...

Kotori riscou o palito contra o lado da caixa para fricciona-lo e colocá-lo em chamas. No momento seguinte, alucinações leves de uma sopa quente apareceram, assim como frango frito e várias outras gostosuras apareceram no espaço iluminado pelo fogo.

— Waa, que feitiçaria é essa?!

— Espanto. A comida apareceu do nada.

As irmãs Yamai arregalaram os olhos, espantadas. Kotori não foi exceção. Mesmo que ela esteja na posição da menina dos fósforos, Kotori não esperava ver esse fenômeno. Mas o palito só ficou aceso por um curto espaço de tempo. Depois dele se apagar, aquela deliciosa ilusão desapareceu.

— Ah... sumiu.

— Admiração. Que evento inimaginável. Tem algo nesses fósforos que incorrem nessas ilusões?




— Eu não acho que seja algo assim...

— Kotori deu um sorriso torto. Kaguya estava exuberantemente cativada pelos fósforos restantes.

— Então o conto continua assim?

— Ah, bem... a garoto acendeu os fósforos e teve visões da felicidade que nunca teve. Ela morreu pacificamente na manhã seguinte.

— Eh... mas que final triste.

— Sugestão. E se...

Yuzuru pensou em algo e rapidamente juntou alguns pedaços de madeira que estava pela estrada para fazerem uma fogueira.

— Pedido. Kotori, acenda isso.

— Hã? Tudo bem.

Kotori rapidamente riscou um palito de fósforo e acendeu a madeira. A fagulha logo se tornou em um fogo robusto. Proporcionalmente ao fogo, as deliciosas ilusões de comida se manifestaram de novo, assim como um fogão quentinho e um gentil e sorridente Shidou.

— Uwaah. Uma miragem?! Parece tão cheia de vida!

— Espanto. Até o Shidou está aqui, com certeza foi uma resposta ao coração de Shidou.

— C-Cale-se... esqueça disso. Graças a Deus estamos aquecidas.

Usando os fósforos arbitrariamente para alimentar o fogo de alguma forma mudou a atmosfera melancólica da menina dos fósforos, mas para sobreviver elas precisavam se sacrificar. Não importa o quão alegre ou melancólica o conto seja, fazer o papel do personagem principal e congelar até a morte debaixo da neve sem fim não era uma opção. Para recuperar a temperatura do corpo, a Kotori esticou suas mãos em direção ao fogo e seus dedos recuperaram os sentidos. Como consequência, seu estômago soltou um ronco baixo.

— Hm? Kotori, estás faminta?

Kaguya perguntou preocupada, fazendo as bochechas de Kotori ficarem vermelhas de vergonha.

— Kun... O que posso fazer, está muito frio... Se pelo menos eu pudesse comer alguma coisa.

Kotori ansiou enquanto estendia suas mãos para as trêmulas imagens. Porém, as ilusões óticas eram somente imagens falsas, então Kotori só podia agarrar o nada futilmente.

— Eu já deveria ter esperado isso...

Kotori sussurrou para si mesma cheia de dessatisfaçam. Simultaneamente, Kaguya bateu as palmas das mãos enquanto teoriza sobre algo repentinamente.

— Ei, Yuzuru essa coisa de antes.

— Eureca. Nós possuímos aquilo.

— O que é?

Kotori torceu as sobrancelhas perplexa pela mudança sincronizada das gêmeas. Afinal de contas, Kaguya e Yuzuru desamarraram a bagagem que carregavam com elas, revelando um misterioso item para Kotori.

— Isso é...!

Kotori estava completamente pasma. O motivo era simples. O que Kaguya e Yuzuru tiraram das bagagens era uma colorida variedade de biscoitos de gengibre, doces e guloseimas.

— Vocês duas, onde conseguiram isso?

— Hm? Eu acordei junto com a Yuzuru em uma cabana. Nós exploramos a floresta em volta dela e encontramos uma casa feita de doces.

— Explicação. Devido a fome, nós pegamos uma parte do teto e dos muros da casa.

— Wha...

Kotori estava incessantemente estupefata com essa descrição, mas ela logo entendeu que as circunstancias eram parecidas com as dela.

— Então vocês duas são João e Maria .

— João e o que?

— Dúvida. Maria?

Ouvindo a gêmeas confusas, Kotori acenou com a cabeça em afirmação.

— Sim. É outro conto de fadas. Sobre dois irmãos gêmeos que foram abandonados pelos seus pais e encontraram uma casa feita de doces na floresta. Porém, vocês encontraram alguém vivendo ali?

Questionadas por Kotori, elas pareciam tentar se lembrar da sequência de eventos que aconteceram e confirmaram com incerteza.

— Falando nisso, uma velha senhora nos convidou para entrar lá. Mas ela parecia muito suspeita; então não demos a mínima para ela.

— Concordância. Então, ela ficou furiosa e correu atrás de nós furiosamente.

— Kaka. Uma velha como aquela nunca teria uma chance contra as Yamai!

— Autenticação. Kaguya estava com tanto medo que ela se molhou todinha quando viu que a bruxa estava atrás de nós, e chorou como um bebê enquanto corria.

— Eu não fiz tal coisa!

— ........

Ouvindo os comentários delas fez Kotori sorrir, mesmo que forçadamente. João e Maria tinham sido capturados pela bruxa no conto original, mas essas gêmeas, não havia com o que se preocupar em relação a elas.

— Bem... o importante é que estão bem. Posso pegar um desses?

— É claro, coma o quanto desejar.

Assim, Kaguya se esticou e ofereceu alguns dos doces a Kotori, que gratamente aceitou. Kotori com alegria pegou uma variedade de doces cheios de calorias como uma barra de chocolate e rosquinhas açucaradas e os colocou na boca, saboreando essas gostosuras cheias de açúcar. Mesmo que essas coisas sejam os inimigos naturais de uma garota, elas eram necessárias na situação em que Kotori estava. Kotori poderia experimentar vibrantemente a suculenta sensação de ter açúcar derretendo em sua boca. Ao mesmo tempo, seu corpo inteiro era rejuvenescido, seus lábios eram nutridos com cada vez mais carboidrato.

— Oh, eu queria que tivesse algum pirulito no meio disso... Não, não devo dizer esse tipo de palavras.

— Entendi. Acho que vi um palito que não deveria estar vendo...!

— Espanto. Um pirulito ilusório.

Kotori não pôde deixar de fazer uma careta com esses comentários.

— O que estão dizendo...? Bem, obrigada por me salvarem, Kaguya, Yuzuru.

— Kaka, não foi nada. Isso não é nada para as Yamai.

— Consenso. Nós devemos ajudar umas as outras em momentos de dificuldade.

Enquanto as gêmeas expressavam sua camaradagem com risinhos, Kotori levemente coçava sua bochecha envergonhada.

— Mesmo assim, aí não estamos muito longe de onde começamos. Mas que mundo é esse... estamos presas dentro de um livro?

A última memoria que tinham era de um confronto feroz com Westcott na base secreta da Ratatoskr, e de terem sido sugadas pelas páginas fantasmagóricas de um livro gigantesco. Isso era sem dúvida uma habilidade demoníaca do Rei Demônio . Mas elas ainda não tinham ideia de qual era sua situação atual e o que deviam fazer.

— Resumindo, temos que achar um jeito de sair daqui.

Kotori resumiu enquanto Kaguya cruzou os braços na altura do peito.

— Mais fácil dizer do que fazer. Qual é o plano?

— Isso... não sei. Mas como viemos parar nesse mundo, os outros devem estar por aqui também. Por enquanto, vamos nos juntar com todos e traçar uma estratégia juntos...

As palavras de Kotori foram interrompidas. Sons discretos de cavalos puxando carruagens atravessando a estrada chegaram aos seus ouvidos, junto com o som de conversa de pedestres.

— ......Hoje está bem movimentado, o que está acontecendo?

— Não ficou sabendo? Um banquete vai acontecer no castelo real para anunciar uma certa pessoa.

— Certa pessoa? E qual a importância disso, é algum filho bastardo do rei?

— Não... um servo do palácio que conheço disse que alguém capturou uma sereia e quer oferece-la ao Rei. O Rei planeja fazer um leilão pela sereia.

— Sereia? Bobagem... desde quando algo assim existe?

— É verdade! Parece que a sereia não para de cantar "Querido, Querido".

— .........

Ao ouvir a conversa, Kotori e as outras se entreolharam com rostos pálidos.

— ...O que acha?

— Err, uh...

— Dilema. Essa sereia me parece familiar.

Depois de vários segundos de silencio, as três inconscientemente ficaram em pé juntas.
Parte 03

Na ponte de comando da Fraxinus, um alarme que indicava situação de emergência soou pela sala.

Uma cena urgente foi capturada pela câmera de vigilância e mostrada na grande tela LCD. Nela aparecia também um mapa esquemático da base da Ratatoskr estava marcado com vários pontos vermelho brilhantes, incitando o caos entre os desordenados membros da equipe.

— Mesmo que as bombas áreas tenham parado, parece que um combate armado se iniciou contra base!

— Sinais de wizards das Indústrias DEM e muitas unidades foram confirmados.

— Onde está a comandante e os outros?!

— Ela não está respondendo, mesmo eu tendo tentado entrar em contato com ela diversas vezes!

— Como isso foi acontecer?! Aaaaaaaa, minha Misty-sama!

Toda a ponte de comando estava transbordando de lamentos da equipe. No cantinho, Nakatsugawa colocou a figura de uma de suas waifus, o que devia ser estritamente proibido como decoração no painel, devotadamente ele orou para a estatueta com as palmas de suas mãos juntas como se tivesse fazendo um pedido à Deus.

Mas aqui era realmente um problema. Como detectado pela inteligência da Ratatoskr, as naves das Industrias DEM apareceram acima da base e lançaram um ataque. Para os membros da Fraxinus, que estava conduzindo a manutenção necessária para irem ao espaço, o ataque foi um golpe totalmente inesperado. Para os mecânicos que estavam fazendo as reparações do lado de fora, foi ainda mais inesperado.

— Hu... Hu...

Um dos membros da equipe, Shiizaki Hinako, tentou acalmar o seu disparado coração ao colocar suas mãos nos peitos. Porém, quanto mais ela pensava em se acalmar, mais rápido e violentamente o coração pulsava.

Então, os caracteres 《MARIA》apareceram em cada um dos monitores pessoais.

— Hã?

Hinako arregalou os olhos de surpresa quando ela ouviu a voz da IA da Fraxinus nos autofalantes de seu console de automação.

『Por favor, acalme-se, Hinako. Você vai perder se estiver com mais medo que o inimigo durante uma situação dessas. Relaxe, siga o treinamento. Sem problemas, você é fantástica e eu sei que você também sabe disso. 』

— É-É que... Entendido!

Hinako sussurrou respondendo ao aviso sincero de Maria. Atentamente observando os arredores, os outros membros da equipe pareciam estar no mesmo barco. Seus respectivos monitores brilharam e ela conversou com eles os consolando. Todos ficaram tão espantados quanto Hinako e acabaram esfriando a cabeça. Harmonizando com essa situação, a voz do Vice Comandante Kannazuki reverberou pela ponte de comando.

— Sério. Como Maria disse, mantenham a calma. Onde está a notificação da base?

— Entendido! Depois de localizar a Comandante da Fraxinus Itsuka e o Shidou-kun, assim como os Espíritos, começaremos a operação !

— Hm, muito bem. Vamos completar as preparações antes da Comandante e os outros retornarem, assim como defender esse lugar.

Kannazuki os instruiu de maneira composta, o que fez a equipe responder com um "Entendido" respirando profundamente.

Porém.

No momento seguinte.

Uma explosão alta pôde ser ouvida em toda ponte.

— Kuh...! Isso é...?!

Kawagoe gritou quando o monitor mostrou o visual do lado de fora da Fraxinus. Inúmeras unidades e wizards equipados com CR-Units foram confirmadas no armazém. Parece que o inimigo finalmente chegou ali.

— A parte de baixo da nave foi atingida! Por mais que os danos sejam mínimos, as wizards inimigas invadiram o interior da Fraxinus!

A equipe sentiu um tremor.

— Droga! Se não acabarmos logo com eles...!

— Mas se uma batalha ocorrer no armazém...

A ponte de comando inteira ficou em alvoroço, somente ficaram em silencio quando Kannazuki bateu as palmas das mãos.

— Eu tenho uma contramedida. Maria, erga o território da nave. Limite o alcance para 50, e defina seus atributos para obstruir qualquer produção de poder mágico.

『Entendido. Iniciando as bases do Realizer. Erguendo o Território. 』

Enquanto Maria começava o processo, sons baixos de destruição ressoaram pelo interior da nave e um Território invisível se espalhou pela nave. Em um instante, as várias unidades dentro do armazém caíram de repente, como marionetes que tiveram suas linhas cortadas.

— As unidades !

— Aah, utilizando nosso território nós neutralizamos suas fontes de energia mágica, essencialmente as deixando inativas.

— C-Como esperado do Vice Comandante!

Mikimoto elogiou, mas Kannazuki preservou uma expressão consciente em vez de uma complacente.

— Porém.

Simultaneamente, outra explosão atingiu toda a ponte de comando.

— Isso só bloqueia territórios. Isso não faz nada contra humanos de carne e osso e balas de metal.

— O qu...?

— Então é inútil! — A equipe gritou.

No momento seguinte, um som de *boom* ressoou, fazendo a porta da ponte de comando abrir, e três wizards vestindo Cr-Units e com armas de fogo nas mãos entraram na sala.

— Todos vocês, mãos acima da cabeça!

— Qualquer movimento suspeito e vamos atirar!

— Gaaah!?

Confrontando a inesperada série de eventos, Hinako não conseguiu aguentar e gritou com as mãos levadas ao alto. Os outros membros da equipe obedeceram às ordens inimigas fazendo o mesmo. Os wizards inspecionaram o estado do local e olharam uma para o outro, falando em sussurros baixos.

— Heh~, então essa é a lendária Fraxinus?

— A nave que nem a Arbatel conseguiu derrubar foi neutralizada por nós três, isso com certeza será um mérito para nós. Westcott-sama vai ficar muito grato.

— Não fiquem tão cheios de si. Em vez de falar sobre coisas inúteis, amarrem eles e desativem a IA da nave.

Foram as palavras do homem que parecia ser o capitão deles. Os outros dois obedeceram imediatamente.

— Bem, vou amarrar eles então. Não se preocupe, Westcott-sama tem muito apreço por vocês, não faremos nada de ruim com vocês.

O wizard descuidadamente segurava sua arma e se aproximou da refém mais próxima, Hinako. Ele segurou suas mãos e a pressionou contra o chão.

— Ah...!

— Não resista. Temos ordens para capturá-los vivos, se possível.

O tom de voz do wizard era inflexível.

— ...ch.

Naquele momento, uma grande cabeça de tigre apareceu em cima de Hinako e rugiu estrondosamente para o wizard.

— Uaaah?!

O wizard cambaleou pela repentina manifestação do tigre, e gritou atordoado apertando o gatilho da arma. Mas a bala atravessou o tigre e atingiu a parede, ricocheteando secamente. Foi então que ele percebeu que o tigre era um holograma.

— O qu...?!

A atenção dos outros wizards foi atraída para o tigre, de forma que Kannazuki conseguiu sorrateiramente fugir. O wizard que foi assustado pela projeção do animal falso soltou um lamento abatido e caiu para trás ao perder o equilíbrio.

— hã...? Ah...

Sem demora, Kannazuki instantaneamente entendeu como os eventos poderiam favorecê-los e, numa velocidade que olhos nus não poderiam ver, ele chutou a mandíbula de baixo do wizard.

— Muito bem feito, Maria. Eu vou limpar sua unidade de locomoção como recompensa.

『Nojento, Kannazuki. 』

Maria respondeu friamente às palavras de Kannazuki. Os estupefatos wizards miraram suas armas para eles enquanto recuperavam sua compostura, porém foram lentos demais.

— Seu merdin...!

— Não resista....!

E antes de seus dedos pressionarem os gatilhos...

— Ah... Aaaaaaaaaaaaaaaaah!!

Os prantos desolados de Nakatsugawa ecoaram pela ponte de comando.

— O-O que aconteceu?!

Seus lamentos angustiados repentinos fizeram com que a atenção dos wizards se voltassem a ele, assim como a mira de suas armas, mas Nakatsugawa parece não ter percebido isso e continuou a soluçar tristonhamente. Em suas mãos estava o motivo de sua tristeza. Por azar, a bala que antes ricocheteou na parede atingiu o objeto que estava atualmente nas palmas de suas mãos, destruindo sua parte superior.

— Malditos... malditos, malditos, malditos!! Como ousam fazer isso à minha Misty!!!

Nakatsugawa chorou lágrimas de sangue enquanto impetuosamente correu em direção ao wizard que apontava a arma para ele, cheio de fúria e ressentimento. Polidamente falando, o corpo de Nakatsugawa não era muito magro, ele poderia ser considerado um projétil humano, literalmente.

— Kuh...?!

O wizard mirou nele e apertou o gatilho, a bala atingiu os ombros de Nakatsugawa e sangue jorrou de lá. Mas ele pareceu não sentir nenhuma agonia e continuou sua investida cheio de fúria até ele atingir em cheio o wizard, derrubando o no chão.

— Kuheh!

A cabeça do wizard atingiu com tudo o cão, fazendo o gritar de dor. Ainda assim, Nakatsugawa Não parou e esmagou o wizard com o peso de seu corpo, o nocauteando.

— Gaaaah!

— Eu... puuhh...

Não há uma diferença muito grande entre uma pessoa comum e um wizard que teve seu território desabilitado. Aquele que foi atacado por Nakatsugawa desesperadamente protegeu sua cabeça com as mãos. Vendo isso, o último wizard apontou sua arma para o corpo de Nakatsugawa. A distância entre eles era de aproximadamente 10 metros; entretanto, Nakatsugawa era um alvo estacionário. Um wizard experiente poderia facilmente atingi-lo em cheio com muita precisão.

— Uu!

Em instantes, Hinako retirou um boneco de vodu de seu sutiã e rapidamente recitou um encantamento enquanto segurava firmemente o boneco.

— Uaaah!?

O wizard que carregava uma arma em sua mão proferiu com uma voz intrigada, como se tivesse sido amaldiçoado pelas artes obscuras de Hinako. Kannazuki não deixou a oportunidade escapar e explorou a fraqueza temporária do wizard e avançou até ele, chutando a arma em sua mão para longe. Sua ofensiva não parou ai, usando suas mãos ele vigorosamente estrangulou o pescoço do wizard até nocauteá-lo por falta de oxigênio.

Todo esse processo não durou mais de três minutos. Dentro desse pequeno período de tempo, a crise que assolou a Fraxinus foi neutralizada totalmente.

— Ha, tudo resolvido.

Kannazuki disse isso enquanto flexionava os braços. Todos, menos Nakatsugawa, soltam um suspiro de alivio.

— Ha... Eu pensei que era nosso fim.

— Isso fez mal para o meu coração... Ah, Nakatsugawa-kun, esse cara já está inconsciente, então pode parar agora.

Minowa disse ao Nakatsugawa, que choramingou e cedeu.

— Uu, Misty.... Eu sinto muito, Misty....

Como se ele finalmente se lembrasse que seu ombro foi atingido pela bala, Nakatsugawa gritou de dor enquanto rolava no chão.

— Ahh, meu ombro! Isso dói! Uaah! Uaah!

— Caramba, não fica se mexendo muito! Analista Murasame, posso deixa-lo aos seus cuidados?

— Ah, eu vou parar o sangramento. Parece que a escápula foi fraturada. Um Realizer médico deve servir. Remova sua jaqueta antes.

Reine começou os primeiros socorros ao Nakatsugawa. Repentinamente, Maria disse.

『Pessoal, bom trabalho. Por favor, recolham as armas e unidades Realizer dos wizards enquanto eles ainda estão inconscientes, e prendam eles. Além disso, Nakatsugawa e Shiizaki. 』

— O-O que foi?

Os dois que tiveram seus nomes inesperadamente chamados levantaram suas cabeças de curiosidade.

『Eu acabei de notar uma importância estratégica no uso de figures e bonecos. Eu irei rever o caso da permissão para a presença de tais objetos na ponte de comando. 』
Parte 04

— Atchim! Atchim!

Nia espirrava repetidamente de forma grosseira sem nenhum pudor, Shidou meramente forçou um sorriso torto.

— Tipo. Qual é a desse lugar, é tão frio...

Com essa reclamação, Nia cobriu o rosto com sua longa capa preta e seguramente abotoou as golas. Suas ações eram compreensíveis, como Shidou e o grupo atravessavam uma perigosa cadeia de montanhas sob a orientação do lobo. Mas quando eles chegaram em uma pequena vila, a estação, o tempo, e até mesmo todo o conceito de tempo se transformou totalmente em questão de segundos.

Uma cortina de neve branco prateada cobria todo o lugar, e o céu negro não parava de nevar. O caminho solitário era dubiamente iluminado por alguns poucos lampiões, criando uma pitoresca cena que amplamente se parecia com o de uma pintura. Tal paisagem era daquelas que só poderia existir em determinados tipos de contos.

— Ei Garoto, você ainda tem sua fantasia de animal?

— Não tenho mais. Mas você já não está vestindo um casaco? Tohka e Yoshino, vocês estão bem?

— Un, estou bem.

— Sem p-problema, estou acostumada com o frio.

As duas balançaram a cabeça em resposta, Nia exageradamente espirrou novamente.

— Tão frio, droga. Vamos achar a Imouto-chan rápido e ir para algum lugar quente...

Shidou mudou sua linha de visão para o grande castelo localizado bem no final daquela rua. O lobo, que estava convenientemente liderando eles, tinha se separado do grupo antes deles entrarem na área residencial. Não importa como, era simplesmente suspeito entrar com um animal tão grande na cidade daquele jeito. Isso traria uma comoção indesejada.

Para falar a verdade, os aldeões e os viajantes que estavam naquela cidade já estavam admirados com as vestes estranhas de Shidou e seu grupo, como se eles fossem estrangeiros de algum lugar bem distante. Afinal, eles eram um bando de pessoas com aparência bem distinta com a dos cidadãos locais. Mesmo que eles não façam nada, ainda fica aquela sensação de desconforto entre eles.

— Resumindo, vamos logo para o castelo. Nós não temos nenhuma outra pista de qualquer forma.

Todos separadamente expressaram sua aprovação à sugestão de Shidou. Ele acenou de volta para elas, e resolutamente avançou em direção à estrada principal. Sem saber por quanto tempo andaram, Shidou e os outros logo pararam seus passos quando chegaram ao castelo. O motivo era simples. Um tipo de briga estava ocorrendo na frente do castelo.

— Isso é...

Shidou olhou para o lugar de uma distância segura. Parecia que um homem que parecia ser um guarda do castelo estava forçadamente sendo interrogado por três jovens garotas. Elas pareciam ser...

— Kotori! Kaguya! Yuzuru!

Shidou chamou as garotas pelo nome, e o trio instantaneamente se virou em resposta.

— Shidou! Tudo bem com você? Por que estão usando essas roupas...?

As expressões de Kotori mudaram quando ela viu as roupas do grupo enquanto Shidou acelerou seu passo e correu em direção à sua querida irmã.

— Estou feliz que também esteja bem... O que está acontecendo aqui?

— Como pode ver, alguém no castelo conhece uma sereia.

Kaguya respondeu enquanto cruzava os braços em descontentamento.

— Sereia?

— Aah, uma criatura rara que canta ininterruptamente "Querido, querido".

— E-Entendi.

Shidou, enquanto suava profusamente, se convenceu de que conhecia aquela sereia.

— Porém, esse idiota que se acha um guarda não entende a língua humana.

— Desprezo. Ele não deixa Yuzuru entrar no castelo.

O soldado fez uma expressão solene ao ouvir as palavras das irmãs Yamai.

De forma alguma deixarei que patifes como vocês entrem! Uma festa de prestígio está sendo realizada no castelo hoje com nobres e cidadãos de elite como convidados. A plebe como vocês não está autorizada a entrar!

— O que você disse com essa sua boca imunda?! Como ousa um miserável como você ignorar minha magnanimidade?!

— Indignação. Julgando alguém por sua aparência é totalmente desrespeitoso.

— Vão pro inferno! Esses caras que acabaram de chegar parecem ainda mais suspeitos! Vão embora ou eu vou jogá-los na prisão!!

A voz do guarda ficou mais ríspida e ele balançou sua mão expulsando Kotori e os outros. Sua descrença cresceu ainda mais com a aparição de Shidou e seu grupo.

— Se continuar assim, não vamos conseguir entrar no castelo.

— Mas não podemos simplesmente ir entrando. Quer tentar invadir?

— Não, fazer o guarda desmaiar vai ser mais rápido.

— Concordância. Boa ideia.

Enquanto Kotori e as irmãs Yamai discutiam seus atos maldosos, o temperamento do guarda ficou ainda pior.

— Eu ouvi tudo isso, seus vilões vis! Já basta. Guardas...

Naquele momento, o som de carruagens pôde ser ouvido vindo de trás deles, e o guarda não pôde deixar de interromper sua frase abruptamente enquanto arregalava os olhos chocado.

— Hm?

Shidou sentiu um frio na espinha ao olhar para trás, percebendo o motivo para a agitação do guarda. Galopando graciosamente na estrada que levava ao castelo estava uma majestosa carruagem que era conduzida por corcéis de pelo branco brilhoso. A carruagem resplandecente seguia gloriosamente, iluminada pelos lampiões. Era um veículo leve que parecia ter saído do mundo dos sonhos.

Shidou e os Espíritos, que intensamente olhavam para aquela figura etérea, estavam cativados em profundo silêncio. Como todos os olhos focando nela, a carruagem foram desacelerando vagarosamente até parar em um ponto fixo próximo aos portões do castelo. O cocheiro então desceu e respeitosamente abriu o compartimento principal, revelando uma mulher elegante. Ela vestia um vestido de festa com um brilho como se fosse de pedras preciosas que só servia para realçar sua beleza. Além disso, ela estava vestindo um brilhante par de salto alto. Sob tais circunstancias, o guarda, assim como todos os presentes, prendeu a respiração admirados pela graciosa presença que parecia ser uma verdadeira deusa.

— Ah.

Mas somente Shidou e os outros que vieram de outro mundo sabiam sua identidade. Ela era de fato muito bonita e chamava a atenção de todos. Mas na verdade aquela garota era a...

— Natsumi?!

Um Espírito que também foi sugado para aquele mundo com Shidou e os outros.

— Ara, Shidou, pessoal, como vocês estão?

Natsumi, que usava um vestido lindo, os cumprimentou. Embora ela claramente fosse Natsumi, suas proporções não eram as da Natsumi normal. Seu charmoso cabelo comprido foi obviamente recriado por .

— O que aconteceu, Natsumi? Essa aparência... você consegue usar seu anjo?!

Kotori perguntou à Natsumi, que balançou sua cabeça em negação.

— Uun, um mago apareceu diante de mim e mudou minha aparência. Estou linda, né?

Natsumi deu uma pirueta rápida e mostrou sua beleza, fazendo Shidou e Kotori se entreolharem como se um soubesse o que o outro estava pensando. Parece que Kotori teve uma leve ideia do conto de fadas que Natsumi representava. Por outro lado, Natsumi, a pessoa em questão, pareceu não notar isso e meramente encarou o guarda.

— Olá guarda-san, pode me deixar entrar?

— Sim senhorita! Por favor entre como desejar!

Em uma atitude totalmente diferente comparada com a que teve com os demais, o guarda abriu caminho. Vendo esse tratamento preferencial, Kaguya bufou em dessatisfaçam.

— Seu canalha! Duas caras!

— C-cale-se! Como VOCÊ pode se comparar a uma nobre como ela?! — Refutou o guarda. Como se ela tivesse percebido a situação atual, Natsumi moveu as sobrancelhas.

— Ara, Kaguya e os outros querem entrar no castelo também?

— Aah, sim, mas esse imbecil está bloqueando o caminho.

— Hmm... então é isso?

Natsumi disse isso de forma sedutora e usou os dedos para acariciar o queixo do guarda.

— Eles estão comigo; pode deixar eles entrar também?

— Hã?! Mas isso...

O guarda disse enquanto prendia a respiração, intoxicado pela beleza de Natsumi que misticamente relaxava seus lábios.

— Ne~, por favor~.

— Tudo bem, podem entrar...

Naquela hora, um relógio gigante localizado na torre do castelo badalou enquanto o ponteiro das horas se moveu para o número doze. Acompanhando o som dos sinos, o corpo de Natsumi gentilmente emitiu um brilho pálido e diminuiu para o tamanho normal.

— Hã?!

Não somente seu corpo diminuiu, mas seu vestido mudou para uma roupa gasta e a carruagem em que ela veio se tornou uma abóbora laranja.

— Hã? O que está acontecendo aqui?!

Natsumi, cujo tamanho diminuiu para quase a mesma altura de Yoshino, estava perturbada com os eventos que foram diferentes do que ela queria e rapidamente se examinou. Shidou deu uma olhada para o relógio, e imediatamente fez uma conexão com a mudança de aparência de Natsumi e o horário.

O relógio marcava meia-noite. Em outras palavras, era a hora em que o feitiço da Cinderela terminava.

— .....

O guarda que tinha sido seduzido por Natsumi momentos atrás fez uma expressão sinistra, olhando para a pequena Natsumi. Assustada por ele, Natsumi timidamente se escondeu atrás de Yoshino.

— Vadia! Como ousa me enganar com uma feitiçaria tão repulsiva?! Você não vai passar por mim nem que eu morra!!!

O guarda continuou encarando Natsumi hostilmente, bloqueando com vontade o caminho para o castelo. Parecia que a revelação só serviu para agravar sua postura. Mas Shidou não podia simplesmente abandonar as esperanças dessa forma; portanto, ele recuou poucos passos e conversou com os outros em um volume em que o guarda não podia ouvi-los.

— Isso está ficando problemático... Temos que achar uma solução rápido.

— Mas... o que podemos fazer?

Yoshino perguntou enquanto torcia a sobrancelha em um formato de "V". Então, Nia ergueu o dedo com uma interjeição de *ah*.

— E se nós lidássemos com ele como lidamos com o lobo, alimentando ele com os bolinhos do Momotarou? Ele não funciona com cachorros, macacos e pássaros? Humanos e macacos não tem muitas diferenças entre si, então vai que funciona?

— Não, mesmo se fizermos isso, nós já estamos marcados como suspeitos. De forma alguma ele comeria algo que déssemos a ele. Será que ele vai nos deixar passar se trocarmos para uma roupa mais descente como a que Natsumi usava antes?

Kotori tinha uma expressão intrigada em seu rosto quando Shidou deu essa sugestão.

Mas como conseguiremos essas roupas? Desculpa, mas eu não tenho um tostão comigo. Eu quase congelei até a morte por causa disso. Eu só tenho alguns pedaços de bolo e fósforos...

Kotori parecia ter pensado em um método que podia funcionar quando interrompeu sua fala e segurou o queixo.

— Un? O que foi, Kotori?

— ...pessoal, podem vir aqui por um momento?

Quando ela levou todos para longe do castelo, o guarda deu um suspiro de irritação e balançou os braços como se estivesse expulsando um vira-latas.

— Ei, onde estamos indo, Kotori?

— Não importa, só venham.

Kotori seguiu pela estrada por um tempo e entrou na vegetação que tinha algumas madeiras velhas encostadas. Ela rasgou a parte de baixo de seu vestido e enrolou o tecido na ponta da madeira, fazendo um tipo de tocha.

— Isso é...

—Se eu tivesse um pouco de óleo para embeber nisso... pelo menos assim deve durar por tempo o suficiente.

Kotori disse isso enquanto encolhia os ombros em desapontamento. Ela então tirou um palito de fósforo da caixa e cantarolou algo com os olhos fechados, acendendo a tocha. As roupas de Kotori, depois de serem iluminadas pela chama, se transformaram em um brilhante vestido vermelho.

— Uah! Isso é...!

Shidou exclamou admirado. As irmãs Yamai bateram palmas ovacionando.

— Então é isso! As Miragens da Menina dos Fósforos!

— Compreensão. Isso de fato parece realista.

Com isso dito, até mesmo as roupas de Kaguya e Yuzuru mudaram instantaneamente para esplêndidos vestidos, cheios de elegância e glamour. Não somente delas, mas de todos os Espíritos que estavam sob a luz da tocha tiveram suas vestes mudadas para lindas roupas que pareciam as de nobres ricos e renomados.

— Oh! Incrível!

— Tão... lindo.

Os Espíritos vociferam surpresos. Mesmo que não entendam as mecânicas desse fenômeno, era o suficiente para enganar os olhos do guarda. Porém, a testa de Shidou suava de ansiedade enquanto olhava para si mesmo.

— Por que eu também estou usando um vestido...?

Isso mesmo; até Shidou teve suas vestes mudadas para um lindo vestido. Ele usava até mesmo maquiagem, seu cabelo chegava até a cintura. Sua aparência era a de sua contraparte feminina, Shiori-chan.

— Eu acho que como garota é mais garantido de te deixarem entrar na festa. Por acaso o príncipe não está procurando por uma esposa? Sem ofensas.

— É sério isso?

Shidou perguntou incrédulo. Porém, Kotori respondeu desdenhosamente com seu usual *isso, isso*.

Embora com algumas inconveniências, Shidou não tinha escolha. Ele suspirou profundamente e seguiu Kotori para o castelo com determinação.
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